Os governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ratinho Jr. (PSD-PR), cotados como candidatos da direita à Presidência em 2026, decidiram ignorar o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de aliados no inquérito da Polícia Federal sobre a trama golpista.
Até o início da tarde desta sexta-feira (22), não se manifestaram publicamente sobre o caso. A Folha os procurou, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Outro cotado para disputar o eleitorado bolsonarista em 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, pronunciou-se em defesa de Bolsonaro em publicação nas redes sociais na noite de quinta-feira (21).
Tarcísio afirmou que a investigação da PF “carece de provas”, mas não detalhou seus argumentos. Ele também não comentou a suspeita citada pela PF de um plano montado no governo Bolsonaro para assassinar Lula (PT), o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Condenado duas vezes pelo TSE, uma ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e outra pelo uso político do 7 de Setembro, o ex-presidente está inelegível ao menos até 2030.
Apesar de serem aliados de Bolsonaro, os governadores Ronaldo Caiado e Ratinho Jr. tiveram atritos com ele nas eleições municipais.
Em Goiânia, Bolsonaro apoiou Fred Rodrigues (PL) contra o candidato de Caiado, Sandro Mabel (União Brasil). Em Curitiba, o PL do ex-presidente estava na chapa de Eduardo Pimentel (PSD), apoiado por Ratinho Jr, mas, ainda assim Bolsonaro chegou a gravar vídeo dizendo torcer por Cristina Graeml (PMB).
Para o presidente-executivo nacional do União Brasil, Antônio de Rueda, a situação do ex-presidente fortalece os nomes de Caiado, Zema, Ratinho e Tarcísio para às próximas eleições. “A leitura que qualquer ser humano médio comum brasileiro consegue alcançar é essa visão do fortalecimento”, diz.
O silêncio de Zema e Caiado sobre o indiciamento de Bolsonaro destoa da postura que os chefes do Executivo adotaram na semana passada em relação ao atentado com bombas na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Na ocasião, Caiado culpou o governo Lula, enquanto Zema, na mesma linha de Bolsonaro, disse se tratar de um ato isolado.
O inquérito que indiciou o ex-presidente e outras 36 pessoas foi concluído nesta quinta após quase dois anos de investigação.
Operação deflagrada pela PF no início da semana prendeu quatro militares e um policial federal e descobriu um plano golpista que previa a morte de Lula, do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF (Supremo Tribunal Federal).