O governo Lula 3 resolveu trocar o gerente das comunicações. Sim, gerente, pois Lula sempre foi, de fato, o chefe da comunicação do governo. Sai um deputado da chamada tropa de choque do PT e entra um publicitário que não gosta de ser chamado de marqueteiro, embora tenha exercido essa função na campanha de Lula nas últimas eleições.
Lula está convencido de que seu governo é muito bom, mas que a comunicação não está à altura dos feitos. É mais fácil acreditar nisso do que buscar as causas profundas que expliquem como um governo que gasta tanto em políticas assistencialistas e benefícios a diversos setores enfrenta dificuldades para ampliar sua popularidade — que, na melhor das hipóteses, se mantém estagnada.
Se tiver a disposição de transmitir a Lula alguns fatos básicos sobre o complexo mundo das comunicações, o novo ministro da pasta poderia mencionar que não há marketing, publicidade ou campanha capaz de transformar um produto ruim em algo excepcional.
Mas quem se atreveria a dizer ao “chefão das comunicações” que seu terceiro mandato tem sido, até agora, o de um governo confuso, desarticulado, com graves dificuldades para tomar decisões difíceis e apresentando fórmulas velhas e desgastadas, que geram muita desconfiança entre os agentes econômicos?
A questão não é técnica, de como “empacotar” um produto. É uma questão política, que também precisa levar em conta o grau de resistência social à corrente política liderada por Lula.
Sim, peças publicitárias na política funcionam em um determinado espaço de tempo e com objetivos definidos, como em uma campanha eleitoral. No entanto, elas não alcançam o objetivo esperado quando o problema é político em sentido amplo, e a polarização já se calcificou.
É nesse ponto que se encontra o governo Lula 3.