O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) publicou nesta terça-feira (17) a ata de sua última reunião, revelando preocupações significativas sobre o cenário econômico brasileiro.
Tony Volpon, colunista do CNN Money, analisou o documento e seus possíveis impactos no mercado doméstico.
Segundo Volpon, o texto da ata foi claro e não deixou ambiguidades. Um dos pontos mais relevantes destacados pelo economista foi a discussão sobre uma eventual desaceleração da economia, que poderia ocorrer devido ao esgotamento do lado da oferta ou a uma queda do lado da demanda.
O especialista alertou para o risco de um cenário semelhante ao ocorrido entre 2013 e 2014, quando houve uma queda no crescimento sem uma redução correspondente da inflação.
“Naquele momento, realmente foi uma questão do lado da oferta, foi um choque de oferta que derruba a produção, mas aumenta os preços”, disse.
O economista ressaltou a importância de trazer a demanda em linha com a oferta, criticando a visão do governo de que “todo e qualquer crescimento é bom”.
Ele argumentou que é necessário reduzir a demanda de maneira ordenada, sem causar uma recessão.
Volpon destacou o conflito entre a política monetária restritiva do Banco Central e a política fiscal expansionista do governo.
“A gente está tendo essa briga entre uma política monetária cada vez mais restritiva, e vai ficar mais restritiva ao longo das próximas reuniões do Copom, contra uma política fiscal expansionista”, afirmou.
O economista elogiou a atuação do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, por manter o compromisso com a meta de inflação, mesmo diante de críticas de setores da esquerda política.
Sobre o mercado financeiro, Volpon acredita que pode haver uma estabilização temporária, com os investidores sendo compensados pelo risco fiscal contratado.
Ele sugeriu que o mercado pode se acalmar enquanto aguarda novas informações no início do próximo ano.
O economista concluiu que o cenário econômico brasileiro permanece desafiador, com a necessidade de equilibrar as políticas monetária e fiscal para evitar uma possível estagnação econômica e controlar a inflação.