Mobilização das Forças Armadas, segundo o governo chavista, é para garantir a segurança do presidente; posse será na 6ª feira (10.jan)
A Venezuela terá 1.200 militares durante a posse do presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido de Venezuela, esquerda), marcada para 6ª feira (10.jan.2025), na Assembleia Nacional do país.
A informação foi divulgada pelo CEO-FANB (Comando Estratégico Operacional da Força Armada Nacional Bolivariana). Segundo os militares, a mobilização será para garantir a estabilidade e paz nacional.
“Vamos garantir a paz do país, vamos dar segurança ao povo, vamos garantir que no dia 10 de janeiro o presidente tome posse. No dia 10, tomamos posse com ele”, disse o coronel Alexander Granko Arteaga, da Direção-Geral de Contra-espionagem Militar, em vídeo publicado no Instagram.
Arteaga também destacou o papel singular dos militares não só na defesa das fronteiras venezuelanas, mas na sua contribuição histórica para a liberdade de outros países.
“Vamos garantir a paz. Nosso país está ameaçado, e temos desenvolvido operações contra mercenários que têm dado resultados frutíferos. E este ano não será exceção”, acrescentou, indicando a continuidade das operações.
A mobilização ocorre em um contexto de desafios políticos e econômicos enfrentados pela Venezuela, onde a legitimidade do governo de Maduro tem sido questionada tanto internamente quanto pela comunidade internacional. A posse de Maduro para um novo mandato é vista como um momento crucial para o futuro político do país, refletindo as tensões e divisões presentes na sociedade venezuelana.
A segurança reforçada e a presença militar em todo o país são medidas que visam assegurar que a cerimônia de posse ocorra sem incidentes, reafirmando o controle do governo sobre a nação.
OPOSITORES CONVOCAM ATOS
Os principais opositores de Maduro convocaram atos no país na véspera da posse presidencial para contestar a legitimidade da posse.
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, publicou um vídeo no X (ex-Twitter) neste domingo (5.jan.2025), afirmando que 9 de janeiro será o dia em que unirão a “bandeira em um único grito de liberdade”.
¡Todos en las calles de nuestro amado país! https://t.co/iHGeqRUuFJ
— Edmundo González (@EdmundoGU) January 5, 2025
O opositor de Maduro foi à Argentina e ao Uruguai neste fim de semana, e se encontrou com os chefes do Executivo dos respectivos países para apresentar o que diz serem as atas eleitorais do pleito, indicando sua vitória. Em Buenos Aires e Montevidéu, foi chamado de “presidente eleito da Venezuela”.
“Eu vou com vocês. Neste dia 9 de janeiro, todos saem às ruas, na Venezuela e no mundo. Glória ao povo corajoso”, escreveu a líder.
Edmundo González (La Plataforma Unitaria Democrática, centro-direita), republicou o post. “Todos nas ruas do nosso querido país”, escreveu.
VENEZUELA SOB MADURO
A Venezuela vive sob uma autocracia chefiada por Nicolás Maduro, 61 anos. Não há liberdade de imprensa. Pessoas podem ser presas por “crimes políticos”. A OEA publicou nota em maio de 2021 (PDF – 179 kB) a respeito da “nomeação ilegítima” do Conselho Nacional Eleitoral.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos relatou abusos em outubro de 2022 (PDF – 150 kB), novembro de 2022 (PDF – 161 kB) e março de 2023 (PDF – 151 kB). Relatório da Human Rights Watch divulgado em 2023 (PDF – 5 MB) afirma que 7,1 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2014.
Maduro nega que o país viva sob uma ditadura. Diz que há eleições regulares e que a oposição simplesmente não consegue vencer.
As eleições presidenciais realizadas em 28 de julho de 2024 são contestadas por parte da comunidade internacional. A principal líder da oposição, María Corina, foi impedida em junho de 2023 de ocupar cargos públicos por 15 anos. O Supremo venezuelano confirmou a decisão em janeiro de 2024. Alegou “irregularidades administrativas” que teriam sido cometidas quando era deputada, de 2011 a 2014, e por “trama de corrupção” por apoiar Juan Guaidó.
Corina indicou a aliada Corina Yoris para concorrer. No entanto, Yoris não conseguiu formalizar a candidatura por causa de uma suposta falha no sistema eleitoral. O diplomata Edmundo González assumiu o papel de ser o principal candidato de oposição.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, anunciou em 28 de julho de 2024 a vitória de Maduro. O órgão confirmou o resultado em 2 de agosto de 2024, mas não divulgou os boletins de urnas. O Tribunal Supremo de Justiça venezuelano, controlado pelo atual regime, disse em 22 de agosto de 2024 que os boletins não serão divulgados.
O Centro Carter, respeitada organização criada pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, considerou que as eleições na Venezuela “não foram democráticas”. Leia a íntegra (em inglês – PDF – 107 kB) do comunicado.
Os resultados têm sido seguidamente contestados pela União Europeia e por vários países individualmente, como Estados Unidos, México, Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai. O Brasil não reconheceu até agora a eleição de Maduro em 2024, mas tampouco faz cobranças mais duras como outros países que apontam fraude no processo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a dizer não ter visto nada de anormal no pleito do país.
A Human Rights Watch criticou os presidentes Lula, Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López Obrador (México) em agosto de 2024. Afirmaram em carta enviada aos 3 ser necessário que reconsiderem suas posições sobre a Venezuela e criticaram as propostas dos líderes para resolver o impasse, como uma nova eleição e anistia geral. Leia a íntegra do documento (PDF – 2 MB).