Os chanceleres do G7, grupo composto pelo Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia, garantiram que continuarão a apoiar a transição democrática na Venezuela, destacando que o candidato Edmundo González venceu por “maioria significativa”, segundo os registros eleitorais divulgados pela oposição.
Em uma declaração conjunta após a reunião desta terça-feira (26) na Itália, os ministros das Relações Exteriores também reiteraram que estão profundamente preocupados com as violações dos direitos humanos no país.
“Em 28 de julho, o povo venezuelano tomou uma decisão clara nas urnas, votando pela mudança democrática e apoiando Edmundo González por uma maioria significativa, de acordo com os registros eleitorais disponíveis publicamente”, destacaram na última parte de um comunicado de 15 páginas sobre diversas questões, incluindo os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio .
Em julho, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi declarado vencedor das eleições, em meio a acusações de fraude eleitoral. A oposição venezuelana compilou e publicou centenas de milhares de relatórios de contagem de votos alegando que o seu candidato venceu com mais de 70% dos votos. González foi reconhecido como presidente eleito da Venezuela pelos Estados Unidos, pelo Parlamento Europeu e por alguns países da América e da Europa.
González disse que regressará à Venezuela para tomar posse como presidente em 10 de janeiro, enquanto Maduro também afirmou que assumirá um novo mandato de governo nessa data. O candidato da oposição está na Espanha, onde pediu asilo político
Venezuela vai “revisar” relações com países do G7
Horas depois, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela respondeu às declarações do G7. Em nota divulgada pelo ministro Yván Gil, em sua conta no Telegram, a pasta chamou a declaração do grupo de “absurda” e acusou os países de “interferência e atitude arrogante”.
“A Venezuela procederá a uma revisão abrangente das suas relações com cada um dos governos que compõem este grupo, porque o respeito pela soberania nacional não é negociável”, afirmou.
Preocupação do G7 com os direitos humanos na Venezuela
Os ministros das Relações Exteriores do G7 também expressaram preocupação com as contínuas violações e abusos dos direitos humanos, incluindo prisões arbitrárias, e pediram que “todos os presos políticos detidos injustamente sejam libertados”.
Após as eleições, Maduro acusou os manifestantes de quererem atear fogo nas ruas e afirmou que 2.500 pessoas foram presas no contexto dos protestos pós-eleitorais. A organização não governamental Foro Penal contabiliza 1.887 presos políticos na Venezuela.
Há duas semanas, as autoridades disseram que iriam rever mais de 200 casos de pessoas detidas durante os protestos que se seguiram às controversas eleições de 28 de julho, a pedido de Maduro, reconhecendo que pode ter havido “algum tipo de erro processual”. Até a última sexta-feira (22), familiares de detidos afirmaram ter apenas 140 casos documentados de libertações.