Veja o que diz decisão do STF que determinou prisão de Braga Netto


General da reserva, ex-ministro de governo e vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, Walter Braga Netto foi preso na manhã deste sábado (14) pela Polícia Federal, no âmbito da operação que mira um grupo responsável pela elaboração do suposto plano de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após o resultado eleitoral.

A PF esperou que o general voltasse de uma viagem para detê-lo. De acordo com apuração da CNN, o ex-ministro retornou ao Rio de Janeiro na última sexta-feira (13). O entendimento dos investigadores é que a prisão em viagem seria uma exposição desnecessária.

Braga Netto é apontado na investigação como um possível articulador do plano de golpe. A PF cumpriu dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar, em Brasília e no Rio de Janeiro. Além de Braga Netto, os agentes também realizaram buscas contra o coronel da reserva Flávio Peregrino, auxiliar do general da reserva durante o governo de Bolsonaro.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), a prisão evita interferência na investigação.

A PGR alega que há provas suficientes “de autoria e materialidade dos crimes graves cometidos pelos requeridos” e que “a prisão preventiva requerida afigura-se como medida capaz de garantir a ordem pública, a aplicação da lei penal e a conveniência da instrução criminal, evitando-se a continuidade do esquema criminoso deflagrado e das interferências nas investigações, que seguem em curso”.

Veja o que diz a decisão que embasou a operação deste sábado:

De acordo com essa decisão que determinou a prisão, o general estaria tentando obter dados sigilosos da delação premiada do ex-ajudante de ordens, Mauro Cid.

Essa informação seria um dos pontos-chave para o mandado de prisão, de acordo com apuração da CNN.

O próprio Mauro Cid confirmou, em depoimento no dia 05 de fevereiro de 2024, que Walter Braga Netto teria procurado o pai dele para obter dados sigilosos da colaboração premiada.

O depoimento do ex-ajudante de ordens teria sido “providencial” para a prisão do ex-ministro. Cid foi ouvido duas vezes nos últimos dois meses e, em ambas ocasiões, deu detalhes sobre a atuação de Braga Netto na trama do golpe.

“Não só ele como outros intermediários tentaram saber o que eu tinha falado. Isso fazia um contato com o meu pai, tentavam ver o que eu tinha, se realmente eu tinha colaborado, porque a imprensa estava falando muita coisa”, disse o ex-ajudante de ordens no depoimento.

Braga Netto, conforme apontam os investigadores, atuou “dolosamente” para obstruir as investigações da Polícia Federal.

  • Dinheiro em sacola de vinho

À Polícia Federal, Mauro Cid afirmou que Braga Netto entregou dinheiro, em uma caixa de vinho, a um “kid preto”, para financiar a ação que planejava matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

“O general repassou diretamente, ao então major Rafael de Oliveira, dinheiro em uma sacola de vinho, que serviria para o financiamento das despesas necessárias à realização da operação”, afirmou.

O major Rafael é um dos presos na Operação Contragolpe, deflagrada pela PF no dia 19 de novembro.

  • “Pessoal do agronegócio”

Segundo a investigação, o dinheiro utilizado – entregue ao major Rafael na sacola de vinho – teria sido obtido com o “pessoal do agronegócio”. A informação consta no depoimento de Mauro Cid.

Braga Netto ficará detido no Comando da 1ª Divisão de Exército, local que já comandou na época em que foi Comandante Militar do Leste, entre 2016 e 2019.

“O Exército vem acompanhando as diligências realizadas por determinação da Justiça e colaborando com as investigações em curso”, disse a Força Armada em nota.



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