Iniciativa é da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e considera a autoidentificação dos docentes
Um levantamento da USP (Universidade de São Paulo) para mapear professores negros incluiu a filósofa Marilena Chauí e causou surpresa nas redes sociais. A iniciativa é da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), que “pretende reconstituir e analisar a trajetória de professoras/es negras/os que atuaram e atuam em nossa Faculdade para dar visibilidade e reconhecimento à presença e à memória da docência negra”.
Segundo a FFLCH, o levantamento toma como base a autoidentificação dos docentes. Até o momento, a lista conta com 29 nomes de professores autodeclarados negros, como a socióloga Márcia Regina de Lima Silva e o geógrafo Milton Almeida Santos.
Na página criada no site da universidade para divulgar o projeto e os perfis dos profissionais, todos os professores mencionados aparecem em uma foto individual em preto e branco. Eis a foto de Marilena Chauí:
“A nova gestão da direção da FFLCH iniciou um mapeamento inédito da docência negra em nossa unidade, que será desenvolvido com a devida atenção nos próximos anos. Este é um projeto de pesquisa em sua fase embrionária que pretende reconstituir e analisar a trajetória de professoras/es negras/os que atuaram e atuam em nossa Faculdade para dar visibilidade e reconhecimento à presença e à memória da docência negra. Foram e são docentes que atuam e atuaram em diferentes áreas do conhecimento das Humanidades, sendo que várias/os delas/es colaboraram ativamente na construção de diferentes políticas públicas, inclusive a de cotas raciais, e na ampliação e efetivação dos direitos humanos”, diz o site da FFLCH.
Nas redes sociais, usuários questionaram “Quando a Marilena Chauí virou negra?” e “Com quantos anos vocês descobriram que Marilena Chauí era negra? Eu descobri aos 60”. Eis algumas reações:
QUEM É MARILENA CHAUÍ
Marilena tem 81 anos. É formada em filosofia pela FFLCH desde 1965, mas ingressou no corpo docente da USP em 1963. Tornou-se professora titular de filosofia da USP em 1986.
Chauí tem uma carreira política fora dos campos universitários. Foi uma das fundadoras do PT (Partido dos Trabalhadores) e ocupou o cargo de secretária de Cultura de São Paulo de 1989 a 1992, durante a gestão de Luiza Erundina na prefeitura paulista.
Também foi crítica da operação Lava Jato desde o início. Em 2016, a filósofa gravou um vídeo em que afirmava que o hoje senador e ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro (União Brasil-PR), tinha recebido treinamento do FBI para conduzir o caso.
“Ele recebeu um treinamento que é característico do que o FBI fez no Macarthismo [política de perseguição anticomunista feita pelos EUA nos anos 1950] e fez depois do 11 de Setembro que é a intimidação e a delação”, disse a filósofa.