A turbulência na economia brasileira deve persistir até que o governo sinalize o cumprimento das metas estabelecidas no arcabouço fiscal, segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Em entrevista ao WW, Cruz analisou o cenário econômico para 2025, destacando a disparidade entre os resultados positivos de 2024 e as perspectivas para o próximo ano.
Apesar do encerramento positivo de 2024, com crescimento econômico, baixa taxa de desemprego e bom desempenho do mercado financeiro, o economista alerta para sinais preocupantes no horizonte, principalmente no âmbito da inflação e dos juros.
Pressões inflacionárias e dispersão de preços
Cruz ressalta que, embora o IPCA tenha apresentado um número geral menor, a abertura dos dados revela tendências preocupantes.
“A dispersão dos preços, que representa a quantidade de itens que sobem simultaneamente, aumentou de 51% em dezembro de 2023 para 61% em 2024”, explica o economista. Isso indica que os consumidores brasileiros podem sentir o aumento de preços em uma gama mais ampla de produtos e serviços.
O especialista também chama a atenção para o setor de serviços, conhecido por sua resistência à queda de preços uma vez iniciada a alta. Segundo Cruz, este setor já apresenta sinais de robustez em termos de aumento de preços ao longo do ano.
Perspectivas para 2025: inflação e juros em foco
Para 2025, Cruz prevê que a inflação deverá “brigar para respeitar o limite superior da meta”. Essa situação poderá exigir que o Banco Central eleve as taxas de juros, o que, por sua vez, tende a frear os investimentos e expansões das empresas.
“Quando as empresas reduzem o ritmo de expansão e a busca por crédito, isso impacta diretamente na geração de empregos”, alerta Cruz.
O economista antecipa que esses efeitos devem se manifestar de forma mais evidente ao longo de 2025, contrastando com os bons resultados observados no mercado de trabalho em 2024.
Cruz conclui que a superação da turbulência econômica está diretamente ligada à capacidade do governo de demonstrar compromisso com as metas fiscais estabelecidas.
Enquanto essa sinalização não ocorrer de forma clara, a instabilidade deve permanecer como uma característica do cenário econômico brasileiro.