Com a eleição fraudada, Nicolás Maduro começará seu novo mandato como presidente da Venezuela. Não mostrou as atas eleitorais, desprezou as críticas e ofereceu US$ 100 mil em dinheiro para quem o ajudar a capturar o candidato da oposição.
Edmundo González ficará na Argentina, onde Javier Milei considera-o presidente eleito.
Esse jogo ficará no campo do palavrório até o dia 20, quando Donald Trump assumirá o governo dos Estados Unidos.
No caldeirão do trumpismo cozinha-se alguma surpresa para a América Latina.
Noves fora os imigrantes, Cuba e Venezuela, Trump já mostrou os dentes para o Panamá e, de leve, para o Brasil.
EUA cucarachas
Os presidentes americanos pegaram um vírus de alguns de seus similares latino-americanos e desaprenderam a arte de sair com elegância da Casa Branca.
Em 2021, Trump tentou um golpe. Já Joe Biden perdoou os crimes do filho atacando o Judiciário e soltou a notícia de que cogita atacar as instalações nucleares do Irã. Elas estão lá há mais de dez anos.
Em 1801, o presidente John Adams saiu de Washington para não passar o cargo a Thomas Jefferson, mas não aporrinhou os outros.
Delírio palaciano
Pelo menos um ministro do Supremo Tribunal Federal com tradição de amor à intimidade palaciana teve uma conversa impertinente com Jair Bolsonaro nos últimos meses de 2021. A impertinência esteve no que o doutor aceitou ouvir.
A habilidade de Carter
Nos últimos dois anos morreram dois personagens do século passado, ambos centenários.
Henry Kissinger, um diplomata que se tornou figura pop enquanto esteve no poder, foi-se em 2023. Teve um funeral de segunda, assombrado pelos fantasmas de seu apoio ao golpe do Chile e pela inutilidade de seus bombardeios no Vietnã.
No final de 2024, morreu Jimmy Carter. Derrotado na eleição de 1980, parecia um político fracassado. Teve um funeral de primeira pela firmeza com que defendeu a democracia e os direitos humanos.
Kissinger e Carter eram frios como cobras. Um (Carter) gostava da vida e tinha senso de humor. O outro (Kissinger) era um atormentado.
Uma cena de 1978 ilustra a leveza com que Carter levava a vida.
Depois de muita costura, o primeiro-ministro de Israel, Menachem Begin, e o presidente do Egito, Anwar Sadat, desceram em Camp David, a casa do presidente dos Estados Unidos nas montanhas. Era a primeira vez que isso acontecia. Begin era um radical, e Sadat havia atacado Israel em 1973.
Na primeira reunião, Sadat puxou um texto de exigências e leu-o por 90 minutos. Queria um Estado Palestino com capital em Jerusalém, a retirada dos israelenses para as fronteiras de 1967 e o desmanche dos assentamentos em áreas contestadas. Só faltava exigir que se convertessem ao islamismo.
Begin ouviu calado e parecia estar a um passo de uma explosão. A reunião começava da pior maneira possível.
Carter quebrou o silêncio e, sério, dirigiu-se a Begin. Disse-lhe que endossasse a proposta de Sadat. Assinando-a, dispensaria maiores discussões.
Os três deram uma grande gargalhada e começaram as conversas que durariam 13 dias.
O acordo de Camp David esfriou a tensão no Oriente Médio, mas, como se viu, deu em pouca coisa.
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