Um terrorista do Jair se explodiu tentando levar junto o Supremo Tribunal Federal. Seu nome era Francisco Wanderley Luiz.
Alguém pode dizer: “não era um bolsonarista, era um maluco”. Mas isso supõe uma separação muito mais clara entre essas duas categorias do que a que se vê nos fatos.
O guru do bolsonarismo era o Olavo, que não sabia se a Terra era redonda e jurava que a Escola de Frankfurt havia composto as músicas dos Beatles. Os bolsonaristas nos deram os tuítes do Carluxo, o ministro da Cultura que plagiava Goebbels, os irmãos Weintraub, Sara Winter, Padre Kelmon, fanfics de pedofilia da Damares, cloroquina para ema, a teoria de que vacinas causariam Aids, o Partido Novo.
O movimento de Jair sempre foi um sintoma psiquiátrico, que só pareceu normal quando o Brasil estava muito, muito doente.
Ao que tudo indica, o terrorista Francisco agiu sozinho. Caso isso se confirme, trata-se de um caso de “lobo solitário”, um indivíduo radicalizado (em geral, por fóruns de internet) que comete atos terroristas sem apoio de uma organização.
É diferente, por exemplo, da tentativa de explodir o aeroporto de Brasília na véspera de Natal de 2022. Ali os lobos bolsonaristas atuavam como matilha: um dos terroristas havia sido assessor no ministério de Damares Alves. Dois deles estavam na plateia na sessão de 30 de novembro em que a bancada bolsonarista se reuniu no Congresso para pedir golpe de Estado. Os terroristas obtiveram o detonador entre os bolsonaristas acampados em frente aos quartéis. Faziam isso tudo para criar o caos que justificaria o golpe que Bolsonaro, conforme demonstrado pela Polícia Federal, organizava nos bastidores.
De qualquer forma, mesmo se o terrorista tiver agido sozinho, é indiscutível que Jair Bolsonaro e seus cúmplices lhe forneceram tanto as ideias quanto, sobretudo, o exemplo.
As mensagens do terrorista em redes sociais eram exatamente iguais ao que Bolsonaro dizia em suas lives de quinta-feira quando era presidente, em seus discursos de 7 de Setembro na Paulista, no cercadinho do Planalto.
Tampouco restam dúvidas sobre que exemplos o terrorista seguiu. Francisco deu a vida para tentar ressuscitar o ciclo de violência e caos que Jair armou de dentro do Planalto em 2022. É uma linhagem de terrorismo bolsonarista que recua no tempo até o momento em que Bolsonaro surge no noticiário por ter tentado explodir o próprio quartel.
Até o terrorista Francisco explodir a própria cabeça, muita gente trabalhava para que esquecêssemos o quanto o bolsonarismo é violento. Ricardo Nunes disse que o 8 de janeiro que inspirou Francisco não foi uma tentativa de golpe. Tarcísio de Freitas pediu anistia para os terroristas Franciscos de dois anos atrás. Candidatos à presidência do Senado e da Câmara discutiam a sério a proposta de tomar o lado do terrorista contra a estátua da Justiça.
Com seu gesto talibã, o terrorista Francisco relembrou ao Brasil do que estamos falando quando falamos de Jair Bolsonaro, a quem tanta gente se aliou na última eleição. A principal promessa do bolsonarismo a seus seguidores é golpe de Estado, é violência. Não há polarização entre o bolsonarismo e o PT. A polarização que tem o bolsonarismo de um lado tem do outro a democracia.
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