O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), saiu em defesa do aliado Jair Bolsonaro (PL) depois do indiciamento do ex-presidente no inquérito sobre trama golpista.
Em publicação no X (ex-Twitter) no começo da noite desta quinta (21), afirmou que a investigação da Polícia Federal “carece de provas”.
“Há uma narrativa disseminada contra o presidente Jair Bolsonaro e que carece de provas. É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia. Que a investigação em andamento seja realizada de modo a trazer à tona a verdade dos fatos”, afirmou.
Outros governadores que são vistos como possíveis candidatos ao Palácio do Planalto em 2026 evitaram comentar o indiciamento de Bolsonaro por suspeita de tentativa de golpe de Estado em 2022.
Ratinho Jr. (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) mantiveram silêncio sobre o tema nas redes sociais. Os governadores não retornaram as tentativas de contato da Folha.
Na noite de quarta-feira (20), Eduardo Leite (PSDB-RS) publicou um tuíte demonstrando preocupação e indignação com o resultado da operação da PF. No post, o governador do Rio Grande do Sul não citou Bolsonaro diretamente.
“Comprovados os indícios, todos os envolvidos nesta trama, em todos os níveis, precisam receber uma punição rigorosa. Qualquer ação que vise desestabilizar nosso sistema democrático deve ser severamente combatida. Só há um lado a ser defendido nesse momento: o lado da democracia, da legalidade e do respeito às instituições”, afirmou Leite.
Diferentemente dos líderes da direita, figuras marcantes da esquerda comemoraram o indiciamento nas redes sociais.
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, pediu a condenação “daqueles que cometeram crimes contra a democracia, a constituição e o povo”.
Pimenta ainda afirmou estar indignado com as informações reveladas pelo inquérito policial. Segundo a Polícia Federal, o ex-presidente sabia sobre o plano de assassinato do presidente Lula (PT), de seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Parlamentares da esquerda como Erika Hilton (PSOL-SP), Fabiano Contarato (PT-ES), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Reginaldo Lopes (PT-MG) também publicaram nas próprias redes sobre o assunto, pedindo a prisão de Bolsonaro.
A deputada federal pelo Paraná e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o indiciamento de Bolsonaro e “sua quadrilha, instalada no Planalto, abre o caminho para que todos venham a pagar na Justiça pelos crimes que cometeram contra o Brasil e a democracia: tentar fraudar eleições, assassinar autoridades e instalar uma ditadura”. Ela completou dizendo ser contra a anistia.
Na semana passada, depois do atentado com bombas na praça dos Três Poderes em Brasília, Caiado e Zema chegaram a comentar o ocorrido.
O ataque intensificou entre atores envolvidos na eleição para a Presidência da República em 2026 as discussões em torno de temas como a anistia para condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, pacificação nacional e polarização ideológica.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), usaram o caso para reforçar a retórica antigoverno e acenar ao espólio eleitoral de Bolsonaro.
A base do governo de Lula considerou o episódio como desdobramento do 8 de janeiro, reiterando que só a punição aos responsáveis vai impedir novos casos.