Apoiadores de vários partidos e entidades sindicais fizeram ato pelo fim da escala 6 X 1 e ofenderam a deputada federal do PSB
Manifestantes presentes em ato contra a escala 6 X 1 xingaram a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) na 6ª feira (15.nov.2024). Encorajados por uma pessoa que discursava no trio elétrico, gritaram: “Ei Tabata, vai tomar no cu”. A manifestação foi realizada na avenida Paulista, em São Paulo.
Ao menos 22 cidades tiveram atos organizados pelo VAT (Movimento Vida Além do Trabalho) e pela deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), autora da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que quer limitar a jornada de trabalho a 36h semanais. Eis a íntegra (PDF – 175 kB) do texto.
Os eventos foram marcados por cartazes e falas contra a escala 6 X 1. Havia bandeiras de partidos de esquerda, organizações estudantis e entidades sindicais. Em São Paulo, discursaram Erika Hilton e o candidato a prefeito derrotado Guilherme Boulos (Psol), que também é deputado federal.
Segundo a assessoria de Erika Hilton, ela não estava no carro de som no momento das ofensas a Tabata Amaral. A equipe da psolista afirmou que a deputada não está envolvida na agressão e que desconhece quem falou ao microfone.
Assista:
🇧🇷 Incitados pelo carro de som, manifestantes xingam a deputada Tabata Amaral (PSB) em ato pelo fim da escala 6×1.pic.twitter.com/2BNIIpdzAZ
— Eleições em Pauta (@eleicoesempauta) November 16, 2024
A petição on-line contra a escala 6 X 1 soma 2,9 milhões de assinaturas. O documento apresentado à Câmara dos Deputados tem ao menos 216 assinaturas –precisava de 171 para iniciar a tramitação. A forte adesão popular “pressionou” o Congresso a debater a jornada de trabalho no Brasil, segundo Erika Hilton.
O vereador carioca recém-eleito Rick Azevedo (Psol-RJ) é o idealizador do VAT e da proposta. O ex-balconista fez mobilizações on-line para pedir a deputados federais que assinassem a PEC –dentre eles, Tabata Amaral.
A socialista foi um dos nomes mais cobrados para se manifestar a respeito da redução da jornada de trabalho. Depois de alguns dias, Tabata declarou apoio à PEC. Justificou a demora dizendo que precisou de tempo para analisar o texto.
A congressista defendeu o combate à “exaustiva carga de trabalho” e disse que “só proibir” o modelo de trabalho não é suficiente. “[Devemos] pensar em incentivos para as pequenas empresas contratarem, para o tiro não sair pela culatra e esse projeto aumentar a pejotização”.
A mobilização também pressionou deputados da oposição. Nikolas Ferreira (PL-MG) é um dos principais opositores à proposta de Erika Hilton. Depois do ataque a Tabata Amaral na Paulista, ele compartilhou o vídeo das ofensas nas redes sociais.
“Da só uma olhada como a esquerda trata quem mesmo assinando a PEC, mas falando que tinha ressalvas, na manifestação. (…) Eles gostam de falar do respeito com a mulher, mas quando são eles, pode tudo”, disse o deputado em vídeo publicado no Instagram.
Internautas compartilharam e criticaram o vídeo do episódio nas redes sociais. Eis algumas das reações:
O Poder360 entrou em contato por mensagens e ligações com integrantes do movimento VAT para questionar quem encorajou os xingamentos a Tabata Amaral e se iriam se manifestar a respeito do episódio. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
Este jornal digital também entrou em contato com o deputado federal Guilherme Boulos e com o vereador Rick Azevedo.