O soldado israelense que teve as férias interrompidas no Brasil em meio a uma investigação por alegados “crimes de guerra” deu sua primeira entrevista após retornar a Israel.
O militar, de 21 anos, foi denunciado pela Fundação Hind Rajab, uma ONG pró-palestinos que tem se mobilizado para processar soldados israelenses ao redor do mundo.
Ele foi um dos sobreviventes do massacre do Hamas no festival de música Super Nova e servia no Batalhão Tzabar, da Brigada Givati, do Exército de Israel, como reservista.
Depois de ser dispensado do serviço militar, o soldado decidiu fazer uma viagem planejada há anos para o Brasil com três amigos, segundo contou à emissora israelense Kan.
Já no país, recebeu uma série de mensagens e telefonemas, incluindo de familiares e do consulado israelense, comunicando sobre a abertura de uma investigação pelos alegados crimes.
No sábado (4), dia em que teve conhecimento da ação, deixou o Brasil com os amigos em direção à Argentina e, depois, Estados Unidos, com a ajuda do Ministério das Relações Exteriores de Israel.
Já em território israelense, o soldado de 21 anos afirmou que “não retornaria mais ao Brasil”, após o episódio traumatizante.
“Não esquecerei a experiência difícil pela qual passei”, disse, “no entanto, ela não me quebrará, eu sou forte”, declarou à emissora.
O militar afirmou que a viagem de férias para o Brasil era um “sonho”. Ele estava na Bahia no momento em que precisou deixar o país às pressas.
“Estava no melhor lugar da minha vida com meus amigos, agradeci a Deus por cada momento ali. Então, tudo mudou no dia 4 de janeiro”, afirmou.
O soldado relatou que a denúncia o acusava de matar milhares de crianças. “Eles escreveram que eu assassinei milhares de crianças e transformaram isso em um documento de 500 páginas. Tudo o que havia ali era uma foto minha de uniforme em Gaza”, disse, se referindo ao documento de 500 páginas apresentado contra ele no país.
A Fundação Hind Rajab (HRF), que apoia palestinos, solicitou a abertura de uma queixa-crime contra ele no final de dezembro.
O militar disse ainda na entrevista que, agora, só espera “sair do radar” das organizações que o denunciam e “seguir sua vida”. Ser forçado a fugir do Brasil “foi como levar uma bala no coração”, disse ele.