“Discuti muitas questões com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Burhanettin Duran, mais especificamente o nosso objetivo partilhado de um processo pacífico e inclusivo para a mudança política na Síria”, escreveu John Bass na rede X, após avistar-se com vários altos dirigentes turcos.
Numa fase em que Washington e Ancara têm interesses conflituantes na Síria, no seguimento da queda do Presidente Bashar al-Assad, o responsável norte-americano indicou que também abordou com o conselheiro presidencial turco Akif Çagatay Kilif a cooperação entre os dois países, “enquanto aliados da NATO, para promover a paz na região”.
Kilif comentou, igualmente na rede X, que discutiu com Bass “o que pode ser feito para reconstruir a Síria e abordar em particular as necessidades de habitação e eletricidade”.
Tal como durante a sua visita no início de dezembro, Bass encontrou-se com o ministro da Defesa turco, Yasar Güler, com quem discutiu “o aprofundamento da cooperação turco-americana em matéria de segurança”, bem como a situação na Síria e no enclave palestiniano da Faixa de Gaza e ainda “o objetivo comum de promover a paz na Ucrânia e a estabilidade na região”.
A diplomacia de Ancara tem criticado repetidamente nas últimas semanas o apoio dos Estados Unidos às Forças Democráticas Sírias (FDS), de maioria curda, que considera terroristas pelas suas ligações ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), ilegalizado na Turquia.
O apoio norte-americano é justificado pelo papel das FDS no combate à organização terrorista Estado Islâmico na Síria.
No entanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, disse hoje que esperava uma melhoria no diálogo com Washington após a tomada de posse do novo Presidente norte-americano, Donald Trump, em 20 de janeiro.
“Tomámos nota das declarações de Trump sobre o papel fundamental que o nosso país desempenhará na região e na ordem global”, declarou hoje Fidan em conferência de imprensa em Istambul, acrescentando que o seu país pretende uma relação “mais intensa” com Washington após o regresso do político republicano à Casa Branca.
Desde a queda do ditador sírio, em 08 de dezembro, uma coligação de grupos apoiados por Ancara está a realizar ataques para tomar o controlo das regiões próximas da fronteira com a Turquia que estão sob controlo de grupos curdos.
O novo governo sírio é liderado pelo antigo grupo rebelde Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), que se aliou aos movimentos armados apoiados pela Turquia na ofensiva que derrubou Assad.
O líder do HTS, Ahmed al-Charaa, pediu que os curdos das FDS sejam integrados no exército nacional que as novas autoridades em Damasco estão a tentar formar a partir de uma manta de retalhos de fações armadas.
O governo turco ameaçou repetidamente lançar uma ofensiva militar, a menos que os combatentes curdos sírios deponham as armas.
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