Segundo associação, 1.648 cidades contarão com serviços de água e esgoto geridos por empresas privadas até o final de 2024
A participação de operadores privados no setor de água e esgoto no Brasil subiu de 5% para 30% desde a implementação do Marco Legal do Saneamento Básico, em 2020. O aumento representa 466%.
Segundo dados da Abcon (Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto), 1.648 cidades contarão com serviços de água e esgoto geridos por empresas privadas até o final de 2024.
O setor segue em expansão. Até 2025, 27 novos projetos estão previstos em 850 municípios. De acordo com a Abcon, o total de investimentos será de R$ 77,3 bilhões, beneficiando 26,7 milhões de pessoas.
Desde 2020, os operadores privados realizaram 57 leilões em 20 estados. O valor comprometido em investimentos chegou a R$ 161,1 bilhões. As outorgas desses leilões somaram R$ 55,4 bilhões, totalizando R$ 216,5 bilhões em investimentos. A adesão à tarifa social também aumentou –hoje, 10,5% das contas de água das empresas privadas estão enquadradas no regime, contra 4,1% em 2020.
Em 2022, as concessionárias privadas investiram R$ 5,9 bilhões, representando 27% do total investido no setor. O número de empregos também subiu. O setor contratou 9,4 mil pessoas, o que representa um crescimento de 4% nos empregos diretos e terceirizados.
DIFICULDADES
Um estudo de julho de 2024 apontou que cerca de 32 milhões de brasileiros não têm acesso a água potável, e mais de 90 milhões não têm acesso à coleta de esgoto.
Luana Pretto, presidente do Instituto Trata Brasil, criticou a baixa cobertura sanitária do país. “É um absurdo Porto Velho ter só 41% da população com acesso à água. Então, se estados como Pará, Rondônia, Acre, entre outros com indicadores muito ruins, se movimentarem para atrair investimento em saneamento básico, como o Amapá fez lá atrás, temos uma perspectiva futura bem melhor”, afirmou Luana.
Já Marcos Montenegro, coordenador do Ondas (Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento), expressou preocupações sobre o modelo de privatizações. “O convencimento de governadores e prefeitos para fazerem concessão tem uma palavra-chave, que não é água, não é esgoto, não é universalização. Chama-se outorga”, disse.