Encerrado o Campeonato Brasileiro, vencido merecidamente pelo Botafogo, costumam pulular algumas listas que apresentam os melhores jogadores, e o melhor treinador, da competição.
A mais tradicional é a contida na premiação Bola de Prata, organizada atualmente pela ESPN. O troféu idealizado pelo jornalista Michel Laurence, da revista Placar, é entregue desde 1970 ao melhor de cada posição, em escolha de jornalistas. Já são 55 as edições do evento.
Também recebem prêmio o artilheiro do campeonato (desta vez foram dois: Alerrandro, do Vitória, e Yuri Alberto, do Corinthians) e o melhor jogador, que ganha a cobiçada Bola de Ouro, conquistada por Estêvão, 17, do Palmeiras.
Em 1970, a escalação Bola de Prata foi: Picasso (Bahia); Humberto Monteiro (Atlético-MG), Brito (Cruzeiro), Francisco Reyes (Flamengo) e Everaldo (Grêmio); Zanata (Flamengo), Dirceu Lopes (Cruzeiro) e Samarone (Fluminense); Vaguinho (Atlético-MG), Tostão (Cruzeiro) e Paulo Cézar Caju (Botafogo). Um estrangeiro, o paraguaio Reyes. À época, não se elegia um técnico.
Agora, em 2024, o time é este: John (Botafogo); William (Cruzeiro), Gustavo Gómez (Palmeiras), Bastos (Botafogo) e Bernabei (Internacional); Marlon Freitas (Botafogo), Alan Patrick (Internacional), Rodrigo Garro (Corinthians) e Savarino (Botafogo); Estêvão (Palmeiras) e Luiz Henrique (Botafogo). Técnico: Artur Jorge (Botafogo).
A lista atual conta com cinco forasteiros (os zagueiros Gustavo Gómez, do Paraguai, e Bastos, de Angola; o lateral-esquerdo Bernabei, da Argentina; e os meias Garro, da Argentina, e Savarino, da Venezuela), além do treinador português.
Não surpreende a grande presença de não brasileiros, já que o Brasil faz algum tempo é importador maciço de pé de obra, especialmente o oriundo de países próximos, da América do Sul. Tanto que em 2023 estiveram na seleção Bola de Prata outros cinco gringos (Piquerez, Villasanti, Pulgar, De Arrascaeta e Luis Suárez), mais o técnico português Abel Ferreira.
A fotografia de momento exibe carências do futebol brasileiro em alguns setores, notadamente de contenção (zagueiros) e de criação (meias).
É preocupante verificar que os beques escolhidos são o ótimo Gómez, 31, mesmo estando neste ano aquém de seu melhor desempenho, e Bastos, 33, atleta que tem origem em um país de pujança zero no futebol e que antes de chegar ao Rio atuava na Arábia Saudita.
O quadro denota que o Brasil não conseguiu colocar na vitrine, de forma contundente, um único zagueiro que obtivesse notas suficientes para superar a dupla estrangeira de trintões.
Isso significa que, se pensarmos em seleção brasileira, ninguém que joga em território nacional é merecedor inconteste de uma vaga na equipe de Dorival Júnior.
Os zagueiros titulares, atualmente, são Marquinhos, 30, do PSG (França), e Gabriel Magalhães, 26, do Arsenal (Inglaterra), e as opções imediatas para eles (Éder Militão, do Real Madrid, e Bremer, da Juventus) também atuam fora do Brasil.
A Bola de Prata mostra ainda que, na armação de jogadas e na aproximação para realizar arremates, brasileiros não sobressaíram no Brasileiro. Não a ponto de ter mais destaque que Garro e Savarino.
Novamente olhando para a seleção, fica um ar de desalento, já que é evidente a escassez de meias de ligação de categoria.
O atacante Neymar, 32, novamente contundido, pode recuar e fazer o papel, assim como Lucas Paquetá, 27, relegado à reserva de seu clube. Os dois jogam além-mar (Al Hilal e West Ham, respectivamente).
Daqui, o único brasuca escalado nessa função na premiação é o colorado Alan Patrick. Que, na falta de alternativa melhor e mais jovem, talvez mereça, aos 33 anos, sua primeira convocação para a seleção brasileira principal.
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