O secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, João Brant, criticou, nesta terça-feira (7), o anúncio da Meta de encerramento do programa de checagem de fatos nos Estados Unidos. A plataforma é dona do Facebook, Instagram e WhatsApp.
No perfil dele nas redes sociais, Brant declarou que a empresa “vai atuar politicamente, no âmbito internacional, de forma articulada com o governo Trump, para combater políticas da Europa, do Brasil e de outros países que buscam equilibrar direitos no ambiente on-line”.
O secretário também disse haver uma referência ao Supremo Tribunal Federal (STF) em fala divulgada por Mark Zuckerberg, dono da Meta.
Em vídeo divulgado nesta terça-feira, o empresário defende priorizar a liberdade de expressão nas redes e afirma que “países da América Latina têm ‘tribunais secretos’ que podem ordenar que empresas silenciosamente retirem conteúdos” de plataformas.
“É uma declaração fortíssima, que se refere ao STF como ‘corte secreta’, ataca os checadores de fatos (dizendo que eles ‘mais destruíram do que construíram confiança’) e questiona o viés da própria equipe de ‘trust and safety’ da Meta – para fugir da lei da Califórnia”, disse Brant.
No ano passado, decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinaram a retirada de conteúdos do X (antigo Twitter). A plataforma ficou, temporariamente, fora do ar no Brasil após as recusas iniciais de Elon Musk, dono da companhia, em seguir os requisitos estipulados pelo STF.
No anúncio desta terça-feira, Zuckerberg afirmou que a Meta irá adotar, nas respectivas redes sociais, o sistema de “Notas da Comunidade”, semelhante ao que é utilizado pelo X atualmente. A implementação da ferramenta será feita de forma gradual e não tem data definida para ocorrer.
Para o secretário da Secom, a declaração da Meta “sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump”.
No vídeo divulgado, Zuckerberg afirma que a empresa vai “trabalhar com o presidente Trump” contra ações de governos de todo o mundo que mirem empresas dos Estados Unidos e que defendam “mais censura”.
A CNN procurou a Meta sobre as declarações do secretário e aguarda resposta.