Embora seja uma doença comum, ela é passível de prevenção, tratável e com altas chances de cura se detectada precocemente
Esta semana apresentaremos uma série em três artigos sobre o câncer colorretal que já se tornou um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Embora seja uma doença comum, ela é passível de prevenção, tratável e com altas chances de cura se detectada precocemente. Assim, é fundamental compreender os principais dados e informações sobre a doença. Neste primeiro artigo vamos entender um pouco mais sobre a doença, seus impactos no diagnóstico precoce e os fatores de risco.
1. Alta incidência e mortalidade
Em 2022, o Brasil registrou aproximadamente 60.118 novos casos de câncer colorretal, com uma taxa de incidência ajustada por idade de 19,8 por 100.000 pessoas. Esse tipo de câncer ocupa o terceiro lugar em frequência no país, tanto em homens quanto em mulheres e é o tumor mais incidente do trato digestório. No mesmo ano, o câncer colorretal foi responsável por cerca de 28.884 mortes, com uma taxa de mortalidade de 9,2 por 100.000 indivíduos.
2. Tipo mais comum: adenocarcinoma
Entre os tipos de câncer colorretal, o adenocarcinoma é o mais comum, com aproximadamente 90% a 95% dos casos. Esse tipo origina-se nas células da mucosa do cólon e do reto. Outros tipos menos comuns incluem tumores neuroendócrinos, linfomas primários e tumores estromais do trato gastrointestinal (GIST).
3. Tendência de crescimento entre jovens
Nos últimos anos, houve um aumento no diagnóstico de câncer colorretal em pessoas com menos de 55 anos, mesmo em países onde as taxas de incidência gerais vêm diminuindo. No Brasil, esse fenômeno também foi observado, sugerindo a influência de fatores externos como alimentação, obesidade, composição da flora intestinal e estilo de vida.
4. Impacto do diagnóstico precoce nas taxas de sobrevida
A detecção precoce faz toda a diferença, uma vez que, quanto mais cedo for descoberto, maiores as chances de cura. Como exemplo, em estágios iniciais, com doença localizada apenas no intestino, as chances de cura podem se aproximar de 90%. Entretanto, se detectamos a doença já espalhada para outras partes do corpo, o que chamamos de doença metastática, essas chances diminuem para cerca de 20%. Isso reforça a importância dos exames preventivos regulares.
5. Fatores de risco e hábitos de vida
Quando falamos de fatores de risco para câncer colorretal, devemos classificá-los em fatores modificáveis e não-modificáveis. Entre os fatores que interferem no aumento do risco de desenvolver a doença e que conseguimos intervir, citamos dietas ricas em carne vermelha e alimentos ultraprocessados, consumo excessivo de álcool, tabagismo, sedentarismo e obesidade. Já os fatores de risco não-modificáveis mais comuns são idade e histórico familiar de câncer colorretal em, pelo menos, um familiar de primeiro grau. No Brasil, as regiões Sul e Sudeste apresentam taxas mais elevadas, o que possivelmente está associado a diferenças nos hábitos alimentares e no estilo de vida quando comparado a outras regiões do país.
No próximo artigo vamos abordar os hábitos que reduzem o risco de desenvolver o câncer colorretal.
Por Dra. Fernanda Capareli – CRM SP 116531
Oncologista clínica do Hospital Sírio-Libanês