As forças da Rússia estão a 1,5 km da cidade ucraniana de Pokrovsk, após terem avançado pelo sul. Alguns grupos de forças especiais chegaram a entrar no centro rodoviário e ferroviário do município, disseram blogueiros de guerra pró-russos nesta sexta-feira (13).
A Rússia controla uma grande parte da Ucrânia e está avançando no ritmo mais rápido desde os primeiros dias de sua invasão em 2022, de acordo com mapas de código aberto.
Desde que a Ucrânia tomou parte da região russa de Kursk, em agosto, o foco do avanço do Exército de Vladimir Putin está na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, onde a Rússia atualmente controla mais de 60% do território.
Uma parte importante da estratégia é tomar Pokrovsk, o que permitiria que Moscou interrompa as linhas de suprimento ucranianas ao longo da frente de batalha oriental e impulsione a tentativa de capturar a cidade de Chasiv Yar, que fica em um terreno mais alto e que poderia dar controle a uma área mais ampla.
Yuri Podolyaka, um proeminente blogueiro militar pró-russo nascido na Ucrânia, afirmou que integrantes de grupos russos de sabotagem e reconhecimento, essencialmente pequenas unidades de forças especiais que penetram na frente antes do avanço, já estão em Pokrovsk.
Outros blogueiros de guerra russos, como Boris Rozhin, fizeram relatos semelhantes. A Reuters não conseguiu verificar os relatos de ambos os lados devido a restrições de reportagem.
Os militares ucranianos pontuaram na quarta-feira (11) que as tropas russas haviam destruído ou capturado várias posições ucranianas perto de Pokrovsk. Não houve comentário imediato de Kiev sobre os últimos acontecimentos.
Possível fase mais perigosa da guerra da Ucrânia
A guerra na Ucrânia está entrando no que algumas autoridades russas e ocidentais avaliam que possa ser sua fase mais perigosa, à medida que as forças de Moscou avançam e a Kiev dispara mísseis ATCMS fabricados nos Estados Unidos.
O ministro da Defesa da Rússia, Andrei Belousov, visitou o Agrupamento Oriental das forças russas que está lutando ao sul da cidade estratégica de Kurakhove, cerca de 35 km ao sul de Pokrovsk.
A queda de Pokrovsk, um importante centro de logística para os militares ucranianos, seria uma das maiores perdas militares da Ucrânia em meses.
A restrição do acesso dos militares ucranianos à rede rodoviária nas proximidades tornaria mais difícil para as tropas de Kiev manterem bolsões de território em ambos os lados de Pokrovsk, o que poderia permitir que a Rússia consolidasse e avançasse na linha de frente.
Entenda a guerra entre Rússia e Ucrânia
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e entrou no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país forte aliado do Kremlin.
Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, ainda que a cidade também tenha sido atacada. A invasão foi criticada internacionalmente e o Kremlin foi alvo de sanções econômicas do Ocidente.
Em outubro de 2024, após milhares de mortos, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.
As tensões se elevaram quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano. O projétil carregou ogivas convencionais, mas é capaz de levar material nuclear.
O lançamento aconteceu após a Ucrânia fazer uma ofensiva dentro do território russo usando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.
A inteligência ocidental denuncia que a Rússia está usando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam, nem confirmam o relato.
O presidente Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, disse que as forças russas estão avançando muito mais efetivamente – e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora ele não tenha dado detalhes.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto.