Fiscalização encontrou trabalhadores sem pagamento e em condições precárias; organizadores negam irregularidades
Em uma ação coordenada pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) no Rio de Janeiro e pela Superintendência Regional do Trabalho, 14 trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão no Rock in Rio. Os trabalhadores, contratados como carregadores, enfrentaram jornadas exaustivas e condições degradantes de trabalho, sem receber o pagamento integral prometido, que variava entre R$ 90 a R$ 150 por diária.
A operação foi iniciada em 22 de setembro no Parque Olímpico, onde o festival foi realizado. A Força Bruta Backstage, responsável pela contratação dos trabalhadores, recebeu 21 autos de infração. A Rock World S.A, organizadora do evento, foi autuada com 11 autos por negligência na observância da legislação trabalhista.
Ambas as empresas recusaram a assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) proposto pelo MPT, que agora busca medidas legais para reparar os danos causados.
Durante a fiscalização, foram encontradas condições precárias de alojamento e higiene, com trabalhadores dormindo sobre papelões e plásticos e tomando “banho de canequinha” em banheiros improvisados. As condições, somadas às jornadas exaustivas e ao trabalho forçado, caracterizaram o trabalho como análogo à escravidão.
À Folha de S. Paulo, a Rock World expressou surpresa com as acusações e as classificou como precipitadas, alegando que ainda não houve comprovação de irregularidades após o devido processo legal. A organizadora afirmou ter adotado medidas em conjunto com as autoridades competentes.
As vítimas receberam guias de seguro-desemprego e serão indenizadas por danos morais individuais e coletivos. O MPT também questionou a empresa que emitiu o certificado de “evento sustentável” para o festival e os patrocinadores sobre suas providências.