Repertório é ponto forte, mas Palmeiras sempre tem a bola parada – 19/03/2023 – PVC


A segurança do Palmeiras é a bola parada. Toda vez que o gol demora a sair, como aconteceu no insistente empate por 0 x 0 por 57 minutos do Allianz Parque, a impressão é sempre de que um cruzamento de falta ou escanteio provocará a abertura do placar. Dudu sabe disso, o homem que recebeu a falta cobrada por Raphael Veiga, desviada no segundo pau, antes de chegar para a conclusão de Murilo.

Dos 24 gols do ano, dez nasceram de faltas, pênaltis ou escanteios. Isto dá 41%.

Dudu foi o jogador mais lúcido de um Palmeiras sempre dominante, mas sem grandes atuações individuais. Além dele, Zé Rafael, o melhor em campo, pelos desarmes e organização desde o campo de defesa.

O repertório tático de Abel é ponto forte, mas não ajudou a quebrar as duas linhas montadas pelo técnico do Ituano, Gilmar Dal Pozzo.

Dudu começou bem encostado à linha lateral na extrema esquerdo, com Bruno Tabata do outro lado. Durou só oito minutos, até a lesão na coxa de Tabata. Breno Lopes, seu substituto, obrigou Dudu a trocar de ponta.

Abel tem sempre deixado muito abertos os dois pontas. Alarga o campo, contra as defesas que se fecham, seja com linha de cinco zagueiros, como o São Bernardo das quartas de final, ou com quatro, como na semifinal.

Dudu passou a ser o melhor caminho para as jogadas de perigo, que se sucederam. Foram catorze chutes no primeiro tempo, seis obrigaram defesas de Jéfferson Paulino, o goleiro do Ituano. Ao final da partida, 22 finalizações da equipe de Abel Ferreira, que poderia ter feito o segundo gol.

Venceu outra vez por 1 x 0, o quarto triunfo pelo placar mínimo de onze vitórias em 2023.

Na melhor delas, o cruzamento de Dudu encontrou o pé direito de Breno Lopes, que acertou em cheio e Jéfferson Paulino salvou.

O Palmeiras já teve partidas mais criativas do que as duas vitórias recentes. Também ofereceu muitos espaços contra o Bragantino, sofreu gol tolo da Ferroviária.

Nos momentos de aperto, Abel sabe que pode confiar na bola parada e numa defesa muito difícil de ser batida. São quinze partidas no ano, só oito gols sofridos, três do Flamengo, dois do Corinthians e um do Santos.

Alguém poderá observar que nos clássicos a defesa não passa em branco, exceto contra o São Paulo.

Por outro lado, tem a defesa menos vazada do campeonato que está jogando, já é suficiente para chegar à sua quarta finalíssima seguida e parece capaz de levar ao 25º estadual, sua maior hegemonia no estado desde o período da Parmalat.

A semifinal ficou marcada por mais uma demonstração de insatisfação da torcida uniformizada com a presidente Leila Pereira. No apito inicial, subiu a faixa com a frase: “Cumpra suas promessas.” Se estivermos falando de dinheiro para escola de samba, não faz sentido.

Também marcada pela ausência do volante André Luís, jogador do Sampaio Corrêa, investigado pela política de Goiás pelo escândalo dos pênaltis na última rodada da Série B de 2022.

O Ituano não sentiu falta de seu meio-campista. José Aldo foi um dos apoios do sistema defensivo. O Palmeiras venceu por ser o melhor time do campeonato.

Mas sabe que precisará ser ainda mais competitivo, quando começarem a fase de grupos da Libertadores e as primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro.

RECOMEÇO

O São Paulo acreditava na evolução do trabalho de Rogério Ceni a partir da melhora do relacionamento com o elenco, de um mês para cá. A ideia ruiu com a crise entre o treinador e o atacante Marcos Paulo. Vai ter de novo. Rogério ainda pode entender que liderança não se faz só com conhecimento.

O MEDO

A crise corintiana explodiu de outro jeito, com invasão e medo. Ninguém se impõe pelo medo, nem um treinador, muito menos uma torcida. O Corinthians precisa melhorar seu elenco e ter uma equipe capaz de pressionar mais o adversário. A renovação não pode se dar à base do risco e do temor.


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