O clube pedia uma indenização que ultrapassava os 400 milhões de euros por uma história publicada pelo jornal francês em 2006
O TJUE (Tribunal de Justiça da União Europeia) decidiu nesta 6ª feira (4.out.2024) contra o Real Madrid em um processo movido pelo clube contra o jornal francês Le Monde. O clube pedia ao veículo e ao jornalista Stéphane Mandard uma indenização total de 423 milhões de euros por uma reportagem de 2006. A informação foi publicada pelo
“A execução de uma sentença que ordene a um jornalista e a um editor de jornal o pagamento de indenizações por danos deve ser recusada na medida em que infrinja a liberdade de imprensa”, escreveu o TJUE em um comunicado enviado a jornalistas.
O artigo “Dopage: le football après le cyclisme” (Doping: primeiro o ciclismo, agora o futebol, em tradução livre) ainda está disponível on-line. A reportagem afirma que o Real Madrid e seu rival, o Barcelona, participaram de um esquema de doping ligado ao médico Eufemiano Fuentes na pré-temporada de 2005-2006.
O clube foi à Justiça espanhola contra o jornal e venceu em 2009, com a condenação confirmada pelo Supremo Tribunal da Espanha em 2014, mas o Le Monde se recusou a pagar. O caso foi parar na justiça francesa, que, por sua vez, favoreceu o veículo, ao entender que o valor das indenizações era excessivo.
O Real Madrid, então, recorreu ao Tribunal de Cassação da França. Este, por sua vez, pediu o parecer do TJUE sobre as consequências da execução da sentença para a liberdade de imprensa, que decidiu sobre o caso nesta 6ª feira.
Quem é Eufemiano Fuentes
Eufemiano Fuentes é um médico que confessou –segundo mostrou a TV alemã ARD em julho deste ano– ter dopado atletas espanhóis nas Olimpíadas de Barcelona (Espanha), em 1992, a pedido do governo da Espanha. Ele afirmou que o governo queria que a delegação ganhasse um número expressivo de medalhas em casa.
Fuentes foi protagonista de um dos maiores esquemas de doping da história. Em 2013, foi condenado por fornecer transfusões de sangue a ciclistas profissionais a fim de melhorar seu desempenho.
Em 2006, quando a “Operação Puerto” –como ficou conhecida a operação para desmantelar o esquema de Fuentes– entrou na casa do médico, encontrou cerca de 200 sacos de sangue e plasma congelados.