Não é de agora que ele vem jogando muito bem. Faz meses. Boa notícia. Para o Barcelona, não para os rivais do Barcelona.
E, se esse muito bem persistir por pelo menos mais alguns meses, boa notícia será para a seleção brasileira, que está precisando de um craque que resolva.
O atacante Raphinha, 28, vive, individualmente, o grande momento de sua carreira.
Na temporada 2024/2025, ganhou no time da Catalunha a tarja de capitão, ostentada geralmente por quem tem o respeito dos companheiros e da torcida e possui alta capacidade de liderança.
Até aqui, com a temporada na metade, marcou 23 gols (em 32 jogos), sendo 20 pelo Barça e três pelo Brasil. Pela equipe azul e grená, são mais oito assistências (passes para gol). Nunca teve números assim.
Raphinha, que sucumbiu com a seleção na Copa de 2022, no Qatar, sempre foi conhecido por atuar na ponta direita. Era assim no Leeds, da Inglaterra, onde destacou-se de 2020 a 2022 e atraiu os olhares do Barcelona, que o contratou.
E vinha sendo assim no Barça até o surgimento da joia Lamine Yamal, 17, que passou a ocupar aquele espaço. Não foi um problema.
O brasileiro mudou de lado, para a esquerda, atuando não só pela ponta mas com incursões pela meia (na armação), e seu futebol prosperou. Canhoto, pareceu inclusive mais à vontade por ali.
Também pela esquerda joga, no Real Madrid, Vinicius Junior, 24, hoje o nome mais badalado do futebol brasileiro, eleito melhor do mundo pela Fifa. Só que os dois têm estilos distintos.
O fluminense Vini é mais incisivo, gosta de driblar em velocidade, partir para cima dos adversários. O gaúcho Raphinha, menos agudo, enxerga melhor o jogo, dá passes azeitados e chutes precisos –menos fantasia e firula, mais raciocínio e objetividade.
Os compatriotas duelaram nesta semana, no domingo (12), na decisão da Supercopa da Espanha, disputada na Arábia Saudita. (Por que lá? Por questão monetária.)
E Raphinha foi régio na vitória: reinou majestoso no dia em que o Barça atropelou o arquirrival, o todo-poderoso campeão europeu e mundial. O camisa 11 marcou dois gols (um deles de cabeça) e deu o passe para mais um no 5 a 2.
Do outro lado, o camisa 7 pouco fez e acabou substituído aos 31 minutos do segundo tempo, sem glamour. Três minutos depois, quem saía, com cãibras e aplaudidíssimo, era Raphinha, eleito merecidamente o melhor da final.
Essa atuação rendeu ao porto-alegrense rasgados elogios da mídia espanhola.
“Raphinha incorporou o papel de capitão e de craque, tendo como base o esforço, a intensidade e a pontaria. Correu sem parar. Em um time com poucos líderes, o brasileiro se destaca bastante”, escreveu Fernando Polo no Mundo Deportivo, jornal barcelonês, em artigo intitulado “Mentalidade Raphinha”.
No diário madrilenho AS, Sergi de Juan, sob o título “Raphinha, um tesouro inesperado”, lembrou que o clube cogitou (na metade de 2023) negociá-lo para fazer caixa: “Quem pensou em vendê-lo deveria pedir desculpas imediatamente. E agradecer que o brasileiro esteja entrando na história do Barcelona como tantos jogadores da mesma nacionalidade fizeram anos atrás”.
Brilharam no Barcelona Evaristo de Macedo (no fim da década de 1950 e começo da de 1960), Romário, Ronaldo Fenômeno, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Neymar, entre outros brasileiros.
Hoje, o brilho é de Raphinha.
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