Líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG) reconhece que a indicação do partido a uma vaga no TCU (Tribunal de Contas da União) fez parte da negociação pelo apoio a Hugo Motta (Republicanos-PB) na disputa pela Presidência da Casa, mas nega que estivesse no centro do debate.
Em entrevista à Folha nesta sexta-feira (1º), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o partido pediu para indicar um representante a uma vaga na corte.
Odair afirma que a vaga será discutida com a bancada quando existir —uma será aberta com a aposentadoria do ministro Aroldo Cedraz em fevereiro de 2026.
“No momento adequado, quando surgir [a vaga], nós vamos tratar de indicar alguém da bancada para a vaga do TCU. Isso nunca foi o centro da nossa preocupação”, afirma o deputado, que tem o nome ventilado como um dos interessados no posto.
Ele defende o direito de o partido indicar um representante ao tribunal. “Por que não? Quando esta vaga ocorrer, por que a bancada não pode apresentar o nome?”, questiona.
“A vaga é da Câmara dos Deputados. Quem vai decidir são os deputados. O partido tem força e presença institucional. Por que ele não pode apresentar um nome e pactuar isso com o conjunto das forças da Casa?”
Em 2005, o petista José Pimentel (PT-CE) concorreu a uma vaga aberta no TCU, mas foi derrotado pelo hoje ministro Augusto Nardes.
No ano seguinte, Paulo Delgado (PT-MG) perdeu a vaga para Aroldo Cedraz. Os episódios foram lembrados pelo líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), quando tentava atrair o apoio do PT à sua candidatura.
Segundo Odair, o que pesou na escolha da bancada em apoiar Motta foi o compromisso do candidato apoiado por Lira em ter uma postura colaborativa com a agenda do governo e com a governabilidade.
“Toda a nossa preocupação foi estabelecer a adesão, a construção de um bloco que fosse majoritário. Que garantisse a governabilidade, que garantisse o compromisso do presidente com a agenda que o Executivo vai enviar aqui para casa. Que o presidente não use a força da Presidência da casa para impedir a aprovação de matérias que interessam o governo”, afirma o líder do PT.
“Nós temos ainda dois anos de governo do presidente Lula pela frente com agendas importantes que precisam ser tratadas.”
Ele diz ainda que o partido quis assegurar que o tamanho da bancada fosse respeitado nas negociações e evitar que outras legendas se juntassem para excluir o PT de postos importantes na Casa.
“Nós garantimos, então, que o PT tenha seu papel e seu tamanho respeitado. Que a bancada também tenha a oportunidade de ter relatorias que correspondam ao tamanho e à importância que tem.”
A escolha de Motta também reflete uma escolha pelo menor risco institucional. “Nós não fomos elemento de disputa, porque a posição da bancada do PT seria decisiva para a gente estabelecer aqui uma disputa acirrada ou não.”
“O ambiente precisa ser um ambiente mais saudável, mais civilizado. E uma disputa menos acirrada colabora com esse ambiente mais adequado que nós precisamos ver construído aqui dentro”, afirma.
Em 2015, o Planalto decidiu lançar o petista Arlindo Chinaglia (SP) para enfrentar Eduardo Cunha (na época no MDB) na disputa pela Presidência da Câmara. Chinaglia recebeu 136 votos, ante 267 de Cunha.
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