Após 150 dias preso na Groenlândia, o ambientalista canadense Paul Watson foi solto na última semana depois que as autoridades rejeitaram um pedido de extradição para o Japão. O ativista é procurado pelo país desde 2010 – inclusive com um alerta da Interpol – por suas atividades contra a pesca predatória de baleias.
Watson, um dos primeiros membros do Greenpeace e fundador do grupo de conservação marinha Sea Shepherd, poderia receber pena de até 15 anos de prisão pelas acusações de entrada ilegal em um navio, danos criminais e ferimentos na tripulação.
No entanto, o ativista insiste que sua prisão tinha motivação política e que o Japão pretendia puni-lo para enviar uma mensagem ao movimento ambientalista. O caso desencadeou uma onda de apoio internacional que reuniu quase 400 mil assinaturas pedindo sua libertação.
Watson foi preso em julho enquanto reabastecia seu barco rumo ao Pacífico Norte Ocidental, onde planejava interceptar o maior baleeiro do mundo, a embarcação japonesa Kangei Maru. O país asiático investiu US$ 48 milhões (R$ 296 milhões) na embarcação, que substituiu outro gigante, conhecido pelos ativistas como o “matadouro flutuante”, que Paul Watson também já havia confrontado antes.
O ativista é adepto de ações de protesto, sabotagem e campanhas de “agressão não violenta”, realizando intervenções que interrompem a atividade dos navios sem causar danos físicos às tripulações. Ele já bateu em navios, desativou hélices e até afundou alguns baleeiros na Islândia.
A pesca de baleias é proibida globalmente, mas países como Islândia, Japão e Noruega continuam permitindo a atividade.
‘Monsanto e BP são os ecoterroristas’
Mesmo depois de passar cinco meses preso, Watson contou em entrevista ao jornal elDiario da Espanha que já tem novos planos de ação para o ano que vem.
Segundo ele, a estratégia de “agressão não-violenta”, apesar de ser considerada radical, não fere ninguém e já fechou centenas de operações ilegais de grandes empresas como Monsanto e British Petroleum (BP).
“As pessoas esquecem que não estamos protestando, estamos nos opondo a ações criminosas porque, embora existam regulamentos e tratados para proteger a vida no oceano, não estamos aplicando”, disse.
Sobre ser chamado de ecoterrorista, Watson responde: “nunca trabalhei para Monsanto ou BP”. “Ecoterrorismo é aterrorizar o ambiente em que vivemos. Não conheço nenhum ambientalista que tenha cometido um ato de ecoterrorismo que tenha causado danos físicos a outra pessoa. Mas a palavra agora é usada livremente para atacar aqueles de quem se discorda”, completou.
*Com Resumen Latinoamericano e elDiario
Edição: Lucas Estanislau