A divulgação, na terça-feira (26), da íntegra do inquérito da Polícia Federal que apurou a trama de um golpe de Estado bolsonarista evidenciou o papel que militares de diversas patentes tiveram nos planos para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder em 2022. Dos 37 indiciados pela PF, 25 têm ligação com as Forças Armadas.
De acordo com a investigação, o ex-presidente, capitão reformado do Exército, por exemplo, planejou, atuou e teve domínio do plano; generais da reserva como Braga Netto e Mario Fernandes tiveram papel central nas articulações; os comandantes das Forças foram apresentados a minutas de golpe; e 12 militares da ativa foram indiciados suspeitos de atuar em ao menos um dos seis núcleos organizados —que citavam até “tanques prontos”.
O historiador Carlos Fico, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador de golpes e ditaduras no Brasil, considera que a existência do inquérito —e a contundência do que foi coletado pela PF— e a possibilidade do acolhimento de denúncias e da punição dos envolvidos já constituem um ineditismo simbolicamente importante.
O Café da Manhã desta quinta-feira (28) analisa as revelações da PF sobre a atuação golpista de militares e as perspectivas de punição. Carlos Fico discute como o golpismo aparece historicamente nas Forças Armadas e que simbolismo tem o inédito indiciamento de militares brasileiros por uma tentativa de golpe.
O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.
O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Gabriela Mayer e Gustavo Simon, com produção de Laura Lewer, Lucas Monteiro e Paola Monteira Rosa. A edição de som é de Thomé Granemann.