Um policial militar de São Paulo foi filmado proferindo comentários de tons racistas, homofóbicos e xenofóbicos contra um vendedor ambulante natural da Costa do Marfim, que comercializava na região do Brás, centro da capital paulista, no último dia 12 de outubro. A situação foi filmada por pessoas que testemunharam a abordagem.
Nos registros enviados à CNN, é possível ouvir que durante a discussão na Avenida Rangel Pestana, um dos militares xinga a vítima que estava acompanhado de suas mercadorias e se refere a ele como “neguinho”.
“Você não está no seu país. Leva esse porr* daqui. Vem aqui, neguinho”, diz o policial militar.
Veja o vídeo (contém palavrões)
Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
O agente ainda fala palavras como “viado” e “pau no c*” e intimida a vítima: “Vem, eu estou com a arma”.
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Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que as analisa imagens compartilhadas para esclarecer as circunstâncias da ocorrência e avaliar as medidas cabíveis aos envolvidos.
A SSP, ressaltou que não “compactua com atos discriminatórios e reforça em seus cursos de formação e atualização disciplinas com ênfase em direitos humanos, igualdade social, diversidade de gênero, ações antirracistas, entre outras.”
De acordo com Ananda Endo, advogada do costa-marfinense, a vítima não praticava nenhuma venda no momento em que as ofensas foram feitas.
“Por conta do cenário de violência muito intenso ali no Brás, principalmente contra os ambulantes imigrantes, tem dias que ele (a vítima) leva a mercadoria e fica com o carrinho fechado sem expor os produtos esperando para ver se é seguro, ou não. E, nesse dia ele estava aguardando com o carrinho fechado, sem realizar o comercio ambulante”, disse ela.
A profissional explicou que o vendedor é casado com uma brasileira, possui uma filha nascida no país e está com a situação regularizada, justamente por possuir o Registro Nacional Migratório (RNM), documento que identifica estrangeiros residentes no Brasil.
Ao veículo ‘Estadão’, a esposa da vitima contou que o marido é uma pessoa que sempre respeitou a policia, e que os agentes de segurança da Costa do Marfim não realizam abordagens com o mesmo nível de truculência. “Meu marido acha uma vergonha brigar com um policial fardado”, disse ela.
A mulher também revelou o receio que tem em voltar a fazer vendas na rua, mesmo passados quase 20 dias da situação.
“A gente fica apreensiva, com medo, porque eles (os policiais) marcam a gente, né. A gente sabe que o trabalho ambulante é ilegal, mas a gente vive disso, nós precisamos dele para alimentar a nossa família”, explicou a mulher
A CNN também entrou em contato com a Ouvidoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Com informações do Estadão Conteúdo