Mesmo com anúncios de incentivos a professores e a sanção da reforma tributária, o termo “Pix”, dominou interesse no Google
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adiou a “colheita” das boas novas do 3º mandato para 2025. As primeiras entregas do ano, entretanto, foram ofuscadas pela controvérsia das regras da Receita Federal para o monitoramento de transações financeiras via Pix acima de R$ 5.000.
Segundo o Google Trends, ferramenta que mostra a relevância de termos na plataforma, as buscas por “Pix” tiveram um pico de interesse às 17h de 15 de janeiro. Poucas horas antes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciava o recuo do governo e a revogação da norma do Fisco.
Esse foi o pico de interesse pelo termo nas buscas do Google nos últimos 7 dias. No dia anterior, em 14 de janeiro, entretanto, Lula e o ministro da Educação lançaram no Planalto uma série de incentivos a professores no Brasil.
A 1ª grande entrega de 2025 seria o Pé-de-Meia Licenciaturas e o Mais Professores pelo Brasil.
Com bolsas variando de R$ 1.050 a R$ 2.100 para incentivar a formação e a posterior contratação de docentes em áreas remotas, o anúncio foi quase que totalmente ofuscado pelo chamado “Pixgate”.
Na comparação do interesse nas buscas do Google nesta semana, as buscas por “Pé-de-Meia” ficaram, no máximo, em 2% do pico atingido pelo Pix. Já o termo “professores” teve ápice de interesse em 4% na mesma comparação.
No dia seguinte ao recuo do governo, outro movimento foi feito para ser explorado positivamente pelo Planalto: a sanção da regulamentação da reforma tributária. O evento, com discursos elogiosos a aliados para capitalizar politicamente a nova lei, também não cativou o interesse das pessoas no Google.
Comparado ao pico da palavra “Pix” na última semana, o tema “reforma tributária” registrou ápice de 2% de interesse no Google.
Pix bombando
Como mostrou o Poder360, pesquisas por “Pix” no Google bateram recorde nos primeiros dias de 2025. Subiram 177% na semana iniciada em 5 de janeiro na comparação com os 7 dias anteriores.
O resultado foi influenciado pelas regras de monitoramento de transações financeiras da Receita Federal, que começaram a vigorar no começo do ano. Depois, foram revogadas. Houve uma preocupação dos usuários de que a medida trouxesse mais custos, especialmente para os trabalhadores informais.
Na prática, o Fisco iria acompanhar com lupa quem movimentasse mais de R$ 5.000 por mês via Pix. Isso não significava, entretanto, que havia sido criada uma taxa por operação. Haveria uma fiscalização maior, facilitando a identificação de quem não paga tributos e poderia trazer mais custo na declaração do Imposto de Renda ou aumentando as chances de cair na “malha-fina”.
Colheita adiada
Lula mudou o discurso e disse que os anos restantes de sua gestão serão para colher os resultados dos investimentos e de programas sociais feitos a partir de 2023.
Em entrevista no fim do ano passado, o chefe do Executivo disse que 2025 será “o ano da colheita” –embora tenha começado 2024 dizendo que este seria o ano em que a população veria os resultados de seu governo.
“O ano de 2023 foi de arar a terra, jogar adubo, jogar semente, cobrir a semente, e 2024 será o ano da colheita daquilo que a gente plantou em 2023”, disse em entrevista à rádio Metrópole, em 23 de janeiro.
Segundo levantamento do Poder360 baseado nos discursos oficiais e entrevistas exclusivas, o chefe do Executivo repetiu ao menos 21 vezes que os 12 meses deste ano seriam voltados à “colheita”. Leia aqui as frases do presidente sobre a colheita de 2024.