O general Walter Souza Braga Netto atuou “dolosamente” para obstruir as investigações da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022. A informação consta na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão do ex-ministro neste sábado (14).
Segundo as investigações, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) tentou obter dados sigilosos da delação premiada de Mauro Cid por meio de Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens.
“Walter Souza Braga Netto atuou, dolosamente, para impedir a total elucidação dos fatos, notadamente por meio de atuação concreta para a obtenção de dados fornecidos pelo colaborador Mauro Cesar Barbosa Cid em sua colaboração premiada”, diz a decisão do STF.
De acordo com os investigadores, a ação do ex-ministro tinha como “objetivo de controlar as informações fornecidas, alterar a realidade dos fatos apurados, além de
consolidar o alinhamento de versões entre os investigados”.
A decisão do STF diz também que a PF encontrou na sede do PL, partido do ex-presidente Bolsonaro, um documento com perguntas e respostas acerca da colaboração premiada de Mauro Cid. O material estava sob a mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, que também foi alvo da operação neste sábado (14).
O documento diz respeito ao que teria sido revelado sobre a participação do referido investigado, indicando a tentativa de obtenção de dados sigilosos da colaboração com a finalidade de obstruir as investigações.
Novo depoimento de Cid
O depoimento realizado por Mauro Cid em 21 de novembro indicou que Braga Netto entregou os recursos necessários para a organização e execução da operação “Punhal Verde e Amarelo” – evento “COPA 2022”, que articulou a tentativa de golpe de estado. Como mostrou a CNN, neste depoimento o ex-ajudante de ordens apresentou “novos elementos” para a investigação.
Em seu depoimento, Cid disse que Braga Netto entregou dinheiro em uma sacola de vinho para realizar a operação. Segundo o ex-ajudante de ordens, os recursos foram obtidos com “pessoal do agronegócio”.
“Há fortes indícios e substanciais provas de que, no contexto da organização criminosa, o investigado Walter Souza Braga Netto contribuiu, em grau mais efetivo e de elevada importância do que se sabia anteriormente, para o planejamento e financiamento de um golpe de Estado”, diz o STF.