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O relatório divulgado pela Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (26), da suposta tentativa de golpe de Estado que levou ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 36 pessoa, acusou o General Walter Braga Netto de pressionar os comandantes do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior, a aderirem ao suposto plano de golpe.
As informações foram reveladas após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantar o sigilo das investigações.
No documento, os investigadores alegam que foram “identificados fortes e robustos elementos de prova que demonstram a participação ativa, ao longo de dezembro de 2022, do general Braga Netto na tentativa coordenada dos investigados de pressionarem os comandantes da Aeronáutica e do Exército a aderirem ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito”.
“As evidências descritas ao longo do presente relatório demonstraram que o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio, aderiram ao intento golpista. No entanto, os comandantes Freire Gomes, do Exército, e Baptista Júnior, da Aeronáutica, se posicionaram contrários a qualquer medida que causasse a ruptura institucional no país. Diante disso, Jair Bolsonaro buscou e obteve o apoio do então comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter), general Estevam Theóphilo”, diz outro trecho do relatório da PF.
A reportagem já acionou a assessoria de Braga Netto sobre as declarações e aguarda retorno. Na sexta-feira (22), o general negou qualquer articulação para um golpe. “Nunca se tratou de golpe, e muito menos de plano de assassinar alguém. Agora parte da imprensa surge com essa tese fantasiosa e absurda de “golpe dentro do golpe”. Haja criatividade”, disse ex-ministro da Casa Civil em seu perfil do “X”.
As revelações não são novas. Em março deste ano, o ministro Alexandre de Moraes já havia levantado o sigilo dos depoimentos dos militares em relação à atuação de Braga Netto. Em conversa com o coronel reformado Ailton Barros, por WhatsApp, ele culpou Freire Gomes por não concordar com o suposto plano de golpe.
“Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do Gen FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, disse o ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro.
Em outras conversas, o general estimula críticas ao então comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, a quem se refere como “traidor da pátria”. Na época, a PF apontou que as conversas “evidenciaram a participação e adesão” de Braga Netto numa tentativa de golpe de Estado. Os investigadores citam atuação do general “inclusive nas providências voltadas à incitação contra os membros das Forças Armadas que não estavam coadunadas aos intentos golpistas”.