Em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, após uma audiência com o Presidente da República em que apresentou as conclusões do 22.º Congresso do PCP, Paulo Raimundo disse que transmitiu a Marcelo Rebelo de Sousa a necessidade de uma política que “dê resposta aos problemas concretos da vida das pessoas”.
O secretário-geral do PCP afirmou que este ano começou com “o aumento dos preços” e um Orçamento do Estado que não vai resolver os problemas da população, acrescentando que isso é um rumo “que não responde às necessidades da maioria”.
“Resolve os interesses de um punhado de grupos económicos, é verdade, mas não responde aos interesses da maioria. Nós falámos de uma política que responde aos interesses da maioria. Foi isso que viemos cá dizer ao senhor Presidente“, afirmou Paulo Raimundo, após uma reunião que durou cerca de uma hora e meia.
Paulo Raimundo reconheceu que o Presidente da República e o PCP têm “opiniões divergentes, que são notórias e públicas” sobre a política que está a ser aplicada pelo atual Governo.
“Não tentámos convencer o senhor Presidente da República, nem ele nos tentou convencer a nós. Foi uma conversa longa e cordial”, disse.
O secretário-geral do PCP abordou a mensagem de Ano Novo do Presidente da República para salientar que Marcelo Rebelo de Sousa também alertou para a necessidade de combater as injustiças e as desigualdades, defendendo que, com a atual política, não se vai conseguir dar resposta a essas questões.
“Não é possível continuar num país cujo rumo que está em curso do ponto de vista político seja o de acentuar este rumo de injustiça e desigualdade com os tais dois milhões de pobres que o senhor Presidente ontem [quarta-feira] referia e, simultaneamente, com os 32 milhões de euros de lucros para os grandes grupos económicos“, referiu.
Paulo Raimundo sustentou que “os elementos fundamentais para dar combate à pobreza” em Portugal passam por aumentar os salários e as pensões “de forma significativa” e considerou que o problema atual prende-se com a maneira como está a ser distribuída a riqueza que é criada no país.
“Nós estamos perante uma situação de profunda injustiça na distribuição de riqueza e não vale a pena virem apelar aos amanhãs que nunca virão, que é a ideia que, primeiro, tem de aumentar a riqueza e depois distribuir, quando o problema é que ela está a ser criada hoje, foi criada ontem e está a ser distribuída de forma profundamente injusta”, disse.
Questionado sobre os motivos para esta reunião ter demorado cerca de uma hora e meia, o secretário-geral do PCP disse que o intuito da audiência foi apresentar as conclusões do 22.º Congresso do partido, que “são densas e têm grande profundidade”.
“Tivemos também a oportunidade de ouvir da boca do senhor Presidente as suas próprias opiniões sobre esses mesmos assuntos. Se calhar ainda teríamos mais horas para continuar a falar”, disse.
Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda questionado sobre o facto de o PCP se ter juntado a BE, Livre e PAN para pedir a apreciação parlamentar do decreto-lei que flexibilidade a lei dos solos.
Na resposta, o secretário-geral do PCP considerou que esse decreto-lei não vai dar qualquer resposta ao problema da habitação e só vai aumentar a especulação imobiliária, defendendo que é preciso ouvir o Governo sobre a matéria.
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