Em troca de mensagens obtida pela polícia, um suspeito pede a um “parceiro” informações sobre a localização de um veículo
Integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa acusado de planejar sequestro de autoridades, entre elas o senador Sergio Moro (União Brasil), tinha acesso ao sistema de monitoramento de câmeras do governo de São Paulo, chamado de Detecta. O programa foi lançado em 2014.
As informações foram descobertas depois que a Justiça retirou o sigilo da investigação realizada pela PF (Polícia Federal) sobre o plano de matar o ex-juiz. Em mensagens obtidas pela corporação, um suspeito pede a um “parceiro” informações sobre a localização de um veículo.
O sistema Detecta realiza automaticamente o reconhecimento de um veículo utilizando as câmeras de monitoramento de São Paulo.
O suspeito não identificado envia a seguinte mensagem acompanho de uma placa de um carro: “Parceiro, precisava saber aonde esse carro andou [de] sábado até hoje. Consegue dar uma força pra mim pra vê no detecta lá”.
Em resposta, o outro suspeito envia uma imagem com todas as informações do veículo que aparece como propriedade da Polícia Civil, se tratando de uma viatura policial descaracterizada. Outros dados aparecem como ano de fabricação e chassi.
“Temos indicativo claro de que os investigados têm acesso a dados que deveriam ser sigilosos, o que permite a eles agir com desenvoltura na prática de crimes, pois conseguem identificar veículos das forças de segurança”, diz o delegado da PF Martin Bottaro.
A informação está em relatório que reúne provas da operação, tornado público na 5ª feira (23.mar). Eis a íntegra do documento (5 MB).
OPERAÇÃO
Eis o que se sabe até agora:
- mandados cumpridos – 4 de prisão temporária, 7 de prisão preventiva e 24 de busca e apreensão;
- operação realizada em 4 Estados – Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná;
- crimes planejados – homicídios e extorsão mediante sequestro; seriam realizados em SP e no Paraná.