Lula convocou para esta sexta (10), uma reunião sobre as mudanças no sistema de checagem de fatos da Meta. O presidente e outras figuras do governo criticaram a decisão que mudou as políticas das redes sociais da empresa.
A companhia atualizou as políticas de suas redes sociais em português. O novo texto permite a associação de doenças mentais à orientação sexual. Para a empresa, conduta de ódio é definida como ataques diretos a pessoas, não a conceitos e instituições.
A Meta se comprometeu, entretanto, a remover informações falsas caso contribuam diretamente para o risco de lesão corporal iminente. Também serão retirados conteúdos que alterem, de forma direta, o funcionamento de processos políticos dos países.
Nesta quinta-feira, o governo brasileiro subiu o tom contra as mudanças da empresa.
O presidente Lula classificou a mudança como extremamente grave. “O que nós queremos é que cada país tenha sua soberania resguardada.”, disse em entrevista à jornalistas.
O vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu a regulamentação das big techs e destacou que as plataformas precisam ser responsabilizadas. Segundo Alckmin, as empresas só poderão operar no Brasil caso sigam a legislação.
As visões europeias
Representantes canadenses, europeus e australianos também repudiaram o fim da checagem de fatos nas redes da Meta. Na Alemanha, cresce a preocupação com uma possível interferência das redes sociais nas eleições.
Nesta quinta (9), Elon Musk realizou uma transmissão com Alice Weidel, candidata à chancelaria pelo partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, diz que rejeita a postura do empresário. “O fator decisivo é que o Sr. Musk apoiou um partido que é, em parte, de extrema-direita e, como podemos ver, não está ativo apenas nessa direção neste país. E isso é algo com o qual não apenas discordamos.”, afirmou em entrevista nesta semana.
O primeiro-ministro da França, Emmanuel Macron, reiterou que Musk está interferindo em processos eleitorais europeus. “Dez anos atrás, se nos dissessem que o proprietário de uma das maiores redes sociais do mundo apoiaria uma nova onda reacionária internacional e interviria diretamente em eleições, inclusive na Alemanha, quem teria imaginado? Este é o mundo em que vivemos e com o qual estamos lidando no campo da diplomacia.”, disse o premiê.
O empresário já havia acenado ao AfD e criticado a gestão do primeiro-ministro Olaf Scholz. Musk afirmou que somente o partido pode salvar o país.
Líderes da União Europeia pediram que o bloco use meios legais caso Musk declare apoio à candidata, o que fere as regras de tecnologia da UE sobre interferência eleitoral.
Segundo pesquisa do instituto YouGov, 59% dos alemães acreditam que o suporte do empresário irá beneficiar o AfD no pleito de fevereiro.
* com informações da Reuters