Países da Europa responderam, nesta quarta-feira (8), às ameaças do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em utilizar meios militares para tomar e controlar a Groenlândia, um território autônomo pertencente à Dinamarca.
Por meio do porta-voz do governo, Steffen Hebestreit, a Alemanha afirmou que as fronteiras não devem ser alteradas pela força. “Como sempre, aplica-se o princípio firme (…) de que as fronteiras não devem ser alteradas pela força”.
A França denunciou que os comentários do republicano são uma “forma de imperialismo”. “Hoje vemos a ascensão de blocos, podemos ver isso como uma forma de imperialismo que se materializa nas declarações que vimos do sr. Trump sobre a anexação de um território inteiro”, disse a porta-voz do governo francês, Sophie Primas.
Já o Ministro das Relações Exteriores de Paris, Jean-Noël Barrot, reiterou que a região é “um território [ultramarino] da União Europeia”, de modo que a UE não permitirá “que outras nações do mundo, sejam elas quais forem, ataquem suas fronteiras soberanas”.
Barrot descartou uma invasão dos EUA ao território rico em recursos, mas fez um alerta: “Temos que acordar, temos que nos fortalecer, em um mundo governado pela lei do mais forte”.
A União Europeia afirmou, por sua vez, que as alegações de Trump sobre uma possível ação militar para tomar a Groenlândia são “altamente hipotéticas”, segundo Paula Pinho, porta-voz da Comissão Europeia, o braço Executivo da UE.
Outra porta-voz da Comissão, Anitta Hipper, lembrou que o artigo 42.7 do Tratado de Lisboa sobre a defesa mútua dos países da UE também se aplica ao território da Groenlândia. “Em geral, para nós, a soberania dos Estados deve ser respeitada”, disse Hipper.
A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, já havia declarado que “a Groenlândia pertence aos groenlandeses”, por ocasião da chegada do filho do presidente eleito, Donald Trump Jr., à região para uma visita privada.
Ameaças contra Groenlândia e Canal do Panamá
Na última terça-feira (7), Trump voltou a defender o controle do Canal do Panamá e da Groenlândia por “razões de segurança econômica”, sem se recusar a descartar uma ação militar para assumi-los, apesar da rejeição categórica de seus planos por parte do Panamá e da Dinamarca.
Anteriormente, o magnata já havia ameaçado impor sanções e altas tarifas à Dinamarca caso ela resistisse a ceder o território.
A Dinamarca faz parte da UE, mas a Groenlândia é considerada um “território ultramarino” do bloco europeu depois que os cidadãos da ilha decidiram, em um referendo de 1982, deixar a então Comunidade Econômica Europeia.
Em relação ao Canal do Panamá, Trump tem realizado ameaças semelhantes, também rechaçadas, em especial pelo chanceler do país, Javier Martínez-Acha, que reiterou que a soberania sobre a região comercial que os Estados Unidos entregaram ao país centro-americano em 31 de dezembro de 1999, “não é negociável”.
*Com AFP e Barron’s
Edição: Leandro Melito