“Esta é uma escalada de Maduro que torna o diálogo ainda mais complicado”, disse o ministro holandês dos Negócios Estrangeiros, Caspar Veldkamp, num comunicado enviado à AFP.
“Iremos certamente responder. Estamos atualmente a refletir, também com os nossos parceiros da União Europeia, sobre a forma como será assumida”, acrescentou Caspar Veldkamp.
Caracas decidiu limitar o número de diplomatas franceses, holandeses e italianos autorizados a permanecer na Venezuela, considerando hostil o comportamento dos seus governos, poucos dias após a tomada de posse de Nicolás Maduro para um terceiro mandato contestado por uma grande parte da comunidade internacional.
“Lamentamos este passo. Por conseguinte, iremos convocar o Encarregado de Negócios da Venezuela para transmitir esta mensagem e pedir esclarecimentos”, acrescentou o ministro neerlandês.
“Apelaremos igualmente a uma ação conjunta a nível da UE. Iremos analisar com os nossos parceiros da UE o que isto significa para as nossas relações”, afirmou.
Edmundo Gonzalez Urrutia, que reivindica a vitória nas eleições presidenciais de 28 de julho contra o Presidente cessante Nicolas Maduro e que é alvo de um mandado de captura na Venezuela, foi recebido pelos Países Baixos na residência da embaixada neerlandesa em Caracas, antes de ter chegado a um acordo com as autoridades para deixar a Venezuela e ir para Espanha em setembro.
Na sexta-feira, Caspar Veldkamp manifestou a sua preocupação com “o aumento da retórica violenta do regime de Maduro e com as recentes detenções”.
A repressão das manifestações que se seguiram ao anúncio da vitória de Maduro causou 28 mortos e cerca de 200 feridos, tendo sido detidas mais de 2400 pessoas.
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tomou posse na sexta-feira para um terceiro mandato, após ter sido proclamado vencedor das presidenciais de 28 de julho com 52% dos votos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
O CNE não divulgou as atas eleitorais das assembleias de voto, afirmando ter sido vítima de um ataque informático, um argumento considerado pouco credível por muitos observadores.
A oposição, que divulgou as atas eleitorais fornecidas pelos seus escrutinadores, garante que o seu candidato, Edmundo González Urrutia (sucessor de Maria Corina Machado, que foi desqualificada pelas autoridades), obteve mais de 67% dos votos.
Edmundo González Urrutia tem viajado por vários países sul-americanos e está a concluir um périplo diplomático que incluiu Argentina, Uruguai, Panamá e, sobretudo, Washington e a Casa Branca, tinha previsto regressar à Venezuela acompanhado por estes antigos presidentes latino-americanos para prestar juramento em vez de Maduro.
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