A segunda edição do Índice de Retorno ao Bem-Estar da Sociedade (Irbes), estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), avalia como os estados utilizam a arrecadação de impostos para promover o bem-estar da população. Além de fazer um ranking entre os melhores e os piores estados brasileiros, a pesquisa aponta a posição do Brasil entre 30 países nesse quesito.
A pesquisa, que utiliza dados de 2021 – os mais recentes disponíveis – para calcular o índice, cruzou a carga tributária dos estados com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), considerando, respectivamente, pesos de 15% e 85%. O resultado mostra que, enquanto o Distrito Federal e o estado de São Paulo lideram o ranking, as regiões Norte e do Nordeste enfrentam mais dificuldades em aplicar adequadamente os recursos arrecadados.
O Distrito Federal ocupa a primeira posição do levantamento, seguido de São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Paraná. Esses estados se destacam pela capacidade de alocar tributos de maneira eficiente, refletindo em melhores indicadores sociais e de qualidade de vida.
“Constatamos que realmente os países que têm melhor desenvolvimento e aplicação de investimento para melhorar esse IDH estão ou no Sudeste ou no Sul. O Centro-Oeste fica mais ou menos no meio do caminho, e as regiões menos desenvolvidas estão no Nordeste e Norte”, diz João Eloi Olenike, presidente-executivo do IBPT.
Em relação à liderança do Distrito Federal, Olenike aponta o desempenho devido à alta arrecadação decorrente da grande quantidade de multinacionais e empresas de enorme porte ali localizadas. “Além disso, a população não é como de outros grandes centros, o que leva a um excesso de arrecadação em relação a uma população que não é tão grande”, aponta.
Entre os estados com pior desempenho estão Bahia, Piauí, Roraima, Rondônia e Amazonas, localizados no Nordeste e no Norte do país. Esses estados enfrentam uma menor capacidade de aplicar os recursos arrecadados de forma a melhorar o bem-estar social, o que reflete em indicadores mais baixos de qualidade de vida para a população.
“A busca por políticas públicas que promovam o desenvolvimento humano e a melhoria das condições de vida dos cidadãos, em cada região, exige um esforço conjunto de todos os envolvidos. É fundamental identificar e implementar soluções eficazes que direcionem esses recursos, principalmente, para áreas como saúde, educação e infraestrutura, impactando positivamente a vida das pessoas”, diz o presidente do IBPT.
Abaixo, o ranking completo e o Índice de Retorno ao Bem-Estar da Sociedade (Irbes) de cada estado:
- 1º Distrito Federal: 179,51
- 2º São Paulo: 174,49
- 3º Santa Catarina: 173,13
- 4º Rio de Janeiro: 172,72
- 5º Paraná: 170,53
- 6º Minas Gerais: 170,2
- 7º Espírito Santo: 169,91
- 8º Amapá: 169,14
- 9º Rio Grande do Sul: 169,03
- 10º Ceará: 167,04
- 11º Mato Grosso: 166,98
- 12º Tocantins: 166,59
- 13º Rio Grande do Norte: 166,36
- 14º Acre: 165,68
- 15º Goiás: 165,54
- 16º Mato Grosso do Sul: 164,97
- 17º Pará: 164,59
- 18º Sergipe: 164,35
- 19º Alagoas: 164,1
- 20º Pernambuco: 163,8
- 21º Maranhão: 162,38
- 22º Paraíba: 162,19
- 23º Rondônia: 162,13
- 24º Piauí: 162,11
- 25º Amazonas: 161,78
- 26º Bahia: 161,64
- 27º Roraima: 160,33
Brasil segue como o pior país em retorno de impostos à população
O estudo também destaca que, mesmo com a alta carga tributária, o Brasil segue com o pior retorno de impostos para a população. O levantamento levou em consideração os 30 países com maior carga tributária do mundo, com dados de 2022.
O primeiro colocado é a Irlanda, que lidera o ranking que relaciona a cobrança de impostos, pelo sexto ano consecutivo. Na sequência estão a Suíça, os Estados Unidos, a Austrália e a Coreia do Sul. Do outro lado do ranking, está o Brasil, abaixo de países como o Uruguai (9º) e a Argentina (22º).
“Nosso objetivo é que o estudo sirva de conscientização para a sociedade cobrar um maior controle e transparência na aplicação dos recursos da arrecadação tributária, de maneira que eles gerem mais qualidade em áreas como saúde, educação e infraestrutura”, diz Olenike.
Confira o ranking completo e o Índice de Retorno ao Bem-Estar da Sociedade (Irbes) de cada país:
- 1º Irlanda: 171,72
- 2º Suíça: 165,92
- 3º Estados Unidos: 161,94
- 4º Austrália: 161,49
- 5º Coréia do Sul: 157,17
- 6º Islândia: 156,38
- 7º Canadá: 156,30
- 8º Nova Zelândia: 155,95
- 9º Uruguai: 155,78
- 10º Israel: 154,94
- 11º Reino Unido: 154,31
- 12º Japão: 153,99
- 13º República Tcheca: 152,09
- 14º Eslovênia: 150,70
- 15º Alemanha: 150,56
- 16º Luxemburgo: 149,41
- 17º Espanha: 149,31
- 18º Hungria: 149,16
- 19º Suécia: 148,43
- 20º Dinamarca: 147,74
- 21º Eslováquia: 147,66
- 22º Argentina: 147,61
- 23º Noruega: 146,17
- 24º França: 146,06
- 25º Finlândia: 145,62
- 26º Itália: 144,98
- 27º Bélgica: 144,44
- 28º Áustria: 144,15
- 29º Grécia: 143,76
- 30º Brasil: 142,35