A maioria das seis chapas que concorrem ao comando da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo) contabiliza um ou nenhum negro para cargos de diretoria.
Cada grupo em disputa traz cinco nomes para a diretoria, incluindo as posições de presidente e vice. Dos 30 candidatos no total, 22 são brancos e 8 são negros. Amarelos e indígenas não foram citados.
Em relação ao gênero, a divisão é mais igualitária quando se olha a diretoria como um todo: são 16 mulheres e 14 homens, refletindo a regra de paridade de gênero vigente pela segunda eleição da entidade e que prevê que as chapas devem ter 50% de pessoas de cada gênero, percentual que deve ser respeitado dentro dos diferentes cargos, incluindo titulares e suplentes.
As chapas também devem observar o mínimo de 30% de advogados negros, porém a regra se refere à chapa como um todo.
Apesar disso, ao considerar o posto de maior destaque de cada chapa, o de presidente, o cenário é de retrocesso no aspecto de diversidade de gênero. Enquanto na última eleição, de 2021, havia duas candidatas mulheres e três homens, neste ano são seis homens, todos brancos. As vices, por sua vez, são todas mulheres.
A Ordem teve um presidente negro, Benedicto Galvão, em 1940 e 1941. Eleita em 2022, a atual presidente, Patricia Vanzolini, foi a primeira mulher a ocupar o cargo.
A chapa encabeçada por Alfredo Scaff, que concorre pela segunda vez seguida, é a única que tem apenas pessoas brancas na diretoria.
Outros três grupos apresentam diretorias com quatro pessoas brancas e uma negra. No caso, as candidaturas encabeçadas por Caio Augusto Silva dos Santos, ex-presidente da OAB-SP e que busca voltar ao cargo, Leonardo Sica, candidato da situação, e Paulo Quissi, que hoje é presidente da subseção da OAB de Carapicuíba.
Já a chapa de Carlos Kauffmann tem duas pessoas negras na diretoria, sendo uma delas a sua vice, a professora e doutora em direitos humanos Lucineia Rosa.
A composição da chapa de Renato Ribeiro é a que mais tem pessoas negras disputando o cargo. São três no total, sendo uma delas a sua vice, Adriana de Morais, especialista em gênero, raça e direito antidiscriminatório e imobiliário.
Quatro chapas —de Caio, Renato, Scaff e Sica— têm três mulheres na diretoria contra dois homens, enquanto em duas delas —de Kauffmann e Quissi—, o cenário se inverte.
Essas informações foram solicitadas diretamente às chapas, depois de terem sido negadas pela Comissão Eleitoral da entidade, que citou a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) como justificativa.
Além da diretoria, cada chapa é composta por vários outros cargos —ao todo são quase 200 integrantes.
Conselheiros federais
Cada seccional estadual da OAB tem direito a três assentos no Conselho Federal da entidade. Os ocupantes desses cargos podem votar sobre diferentes temas que impactam o exercício da advocacia e também elegem a diretoria nacional da OAB.
Além disso, formam as listas com indicados da advocacia para as vagas nos TRFs (Tribunais Regionais Federais) reservadas ao quinto constitucional.
Entre candidatos ao Conselho Federal das chapas à seccional paulista, há 25 brancos e 11 negros, e nenhum amarelo ou indígena.
Em relação ao gênero, a divisão é equânime: são 18 homens e 18 mulheres. Há discrepâncias, porém, ao olhar a quantidade de titulares e suplentes.
Com exceção da chapa de Sica, em que as três candidatas ao Conselho Federal titulares são mulheres, em todas as demais chapas, há dois homens titulares para uma mulher, enquanto, na suplência, o cenário se inverte: ficam duas mulheres e um homem.
A única chapa a registrar apenas brancos para o Conselho Federal é a encabeçada por Scaff. As de Caio e Kauffmann trazem a mesma proporção, de quatro brancos e dois negros (um titular e um suplente). Também nas chapas de Renato e Sica há duas pessoas negras, mas ambas como titulares.
Na chapa de Quissi, são três candidatos negros (um titular e dois na suplência)
Conselheiros estaduais
Maior categoria das chapas, os conselheiros estaduais também se dividem entre titulares e suplentes. Eles decidem sobre temas relacionados à advocacia no nível estadual e formam as listas com indicados para as vagas do quinto constitucional no TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo).
A distribuição de candidatos por gênero e raça se mantém nesses cargos de conselheiro estadual. Das 1.011 pessoas, 511 são mulheres e 500 são homens, reproduzindo o quadro de paridade.
No recorte por raça, 659 candidatos se declaram brancos, enquanto 342 se veem como negros. Há ainda dez pessoas amarelas nas composições. Os dados revelam um percentual de cerca de 33% de pessoas negras e de menos de 1% de amarelos.
Caixa de Assistência
Também na Caasp (Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo), que administra benefícios para a advocacia, como planos de saúde, a maioria dos 60 candidatos é de mulheres (31), mas o número de homens (29) não fica longe. A chapa que mais tem mulheres para o cargo é a de Paulo Quissi (7). As demais contam cinco candidatas e cinco candidatos, exceto a de Renato, que tem quatro mulheres e seis homens.
No total, são 41 pessoas brancas, 17 negras e 2 amarelas no critério por raça. Sob essa ótica, os grupos de Kauffmann e Renato são os que mais têm candidatos negros: 4 dos 10, ao passo que as outras têm três ou duas candidaturas negras.