Depois de um hiato de 17 anos, o Brasil voltou enfim a ganhar, nesta semana, um prêmio de melhor do mundo no futebol, entre os homens.
E não foi com quem mais se depositou esperanças por cerca de uma década, Neymar, que teve a infelicidade, mesmo tendo jogado muito, de concorrer com Messi e Cristiano Ronaldo, dois gênios da bola, cada qual em seu ápice.
É importante mencionar “entre os homens”, pois há quem se esqueça de que a Rainha Marta, depois de a glória ter sido dada a Kaká em 2007, esteve no topo em nada menos que quatro ocasiões (2008 a 2010 e 2018).
Na terça-feira (17), em cerimônia em Doha, no Qatar, Vinicius Junior, 24, desbancou o próprio Messi –que nem chegou a estar cotado para triunfar desta vez–, Rodri, Bellingham, Haaland, Mbappé, Lamine Yamal e outros quatro finalistas para receber o troféu The Best (o melhor).
Esse (The Best) é o nome que a Fifa dá para a sua premiação anual, que elege os mais destacados jogadores de determinada temporada. Neste caso, a de 2023/2024.
É uma das duas mais aguardadas cerimônias do gênero. A outra é a Bola de Ouro, organizada pela revista francesa France Football, bem mais tradicional, já que existe desde 1956. A Fifa começou a premiar em 1991.
Aguardada, porém pelo menos uma vez desprestigiada. No evento anterior a este, o ganhador como melhor jogador, Messi, não compareceu à festa (e nem mesmo gravou um vídeo de agradecimento), deixando totalmente sem graça o apresentador, o ex-craque francês Thierry Henry.
Vini Jr. chegou lá um mês e meio depois da frustração de ter perdido a Bola de Ouro –que para mim é bem mais bonita que o troféu entregue no The Best– para o volante espanhol Rodri.
Naquela votação, o colégio eleitoral era bem mais restrito, formado por cem pessoas, todas jornalistas, um de cada país que tem sua seleção no top 100 do ranking da Fifa.
Nesta, votaram representantes das seleções nacionais (193 capitães e 196 treinadores), jornalistas de 187 países e, pela internet, milhares de fãs espalhados pelo mundo. Cada fatia tinha peso de 25% na eleição.
A respeito de capitães, técnicos e jornalistas, a Fifa convida a participar um total de 633. Existe um prazo para a votação, e desta vez houve a ausência de 57 votantes. Se a escolha não chega a tempo, não entra no cômputo.
O que mais impressionou foi a popularidade de Vini Jr., que teve mais de 1,147 milhão de pontos (primeiro colocado) na escolha dos fãs de futebol. Seu principal rival na disputa, Rodri, somou perto de 265 mil pontos e ficou em sexto. O povo está com o brasileiro.
O mesmo não se pode dizer de votantes europeus. A maioria não viu Vini Jr. como o número 1. Votaram no The Best 50 capitães de seleções do velho continente (o placar: Rodri 21, Vini 15, outros 14), 55 técnicos (o placar: Rodri 29, Vini 9, outros 17) e 55 jornalistas (o placar: Rodri 31, Vini 13, outros 11).
Impossível não cogitar corporativismo, ideia reforçada pelo resultado da Bola de Ouro, quando, dos 42 jornalistas europeus participantes, 29 escolheram Rodri como o melhor e apenas 9 optaram por Vini Jr., um desequilíbrio gritante.
No The Best, como não é só gente da Europa que vota, Vini Jr., feita a matemática contida nas regras, levou. Tardou, mas chegou lá quem mais merecia.
Só falta agora o melhor do mundo da Fifa jogar pela seleção brasileira a enormidade que joga pelo Real Madrid. 2025 taí. Queremos.
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