O publicitário assumirá o cargo de ministro da Secom no lugar de Paulo Pimenta; disse que a gestão não pode ser “analógica”
O publicitário Sidônio Palmeira disse, nesta 3ª feira (7.jan.2025), que o governo precisa alinhar a expectativa sobre a administração, a gestão e a percepção popular das ações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele assumirá a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) no lugar de Paulo Pimenta na próxima semana.
“Tem uma expectativa grande com o governo, tem a gestão, e tem a percepção popular. Eu acho que a gente precisa alinhar essas 3 coisas. E esse é o desafio nosso: que a expectativa, a gestão e a percepção popular fiquem equilibrados no mesmo ponto. É nesse sentido que vamos trabalhar”, declarou o futuro ministro a jornalistas durante uma transmissão informal do cargo ao lado de Paulo Pimenta, demitido da função.
Pimenta e Sidônio conversaram com jornalistas juntos em sala da Secom no 2º andar do Palácio do Planalto. Disseram que a transição já está em curso e que o trabalho do publicitário será como um 2º tempo da gestão de Pimenta. Ele, entretanto, afirmou que a gestão do governo não pode ser analógica e que é preciso melhorar a comunicação digital.
“É importante também que a gestão não seja analógica, que ela comunique com as pessoas que estão sendo atendidas. Na parte digital, as pessoas colocam algumas vezes até que [a comunicação atual do governo] é analógica. Acho que a gente precisa evoluir nisso. Já é um início, mas precisa ter uma evolução, e é importante. Isso é um papel do governo: comunicar. É um papel e uma obrigação do governo comunicar o que foi feito”, declarou.
Pimenta demitido
Paulo Pimenta foi demitido do comando da Secom nesta 3ª feira (7.jan.2025). A última cartada como ministro será na 4ª feira (8.jan), quando participará da cerimônia que lembra os atos extremistas do 8 de Janeiro ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ao anunciar a própria demissão, Pimenta disse que Lula quer uma pessoa “com um perfil” diferente do seu à frente da Secom. Deputado federal licenciado, ele minimizou uma possível derrota ao deixar o cargo e disse que a sua futura função ainda não está definida.
O marqueteiro da campanha vitoriosa de Lula em 2022 já começou a montar sua equipe. Um dos nomes que ele substituirá é atual secretário de Imprensa, José Chrispiniano. Em seu lugar, assumirá Laércio Portela, que foi ministro interino da Secom de maio a setembro, quando Pimenta se licenciou do cargo para se dedicar a um ministério extraordinário da reconstrução do Rio Grande do Sul, atingido por fortes enchentes.
Sidônio deve promover outras mudanças importantes na Secom. Ele teve aval do chefe do Executivo para montar sua equipe como quiser.
O presidente quer resolver o que julga ser um problema que existe desde o início de seu mandato. Avalia que o impacto das políticas públicas e sociais desenvolvidas por sua gestão não se convertem em aprovação do seu governo.
Em 6 de dezembro, Lula disse durante seminário do PT que há equívoco seu por não organizar entrevistas com jornalistas e cobrou a realização de uma licitação para mídia digital. O petista afirmou que a questão é uma de suas preocupações para resolver a partir de 2025 porque a população precisa saber das realizações de sua gestão.
“Há um erro no governo na questão da comunicação e eu sou obrigado a fazer as correções necessárias para que a gente não reclame que não está se comunicando bem”, declarou na ocasião.
Na época, a fala foi interpretada por petistas e aliados como uma demissão pública de Pimenta. Desde então, o presidente iniciou o movimento para levar Sidônio de vez para o governo.
Desde a vitória de Lula em 2022 e o início do governo em 2023, o marqueteiro continuou se relacionando com o presidente como uma espécie de conselheiro informal. Nos últimos meses, porém, passou a frequentar cada vez mais o Palácio do Planalto. Inicialmente, ele resistiu à possibilidade de assumir um cargo no governo porque queria manter seu trabalho na sua agência de publicidade em Salvador (BA), onde mora.
Apesar de ser chamado de marqueteiro por ter atuado na campanha do petista em 2022, Sidônio disse ser publicitário e não gostar da outra nomenclatura.
“Eu quero dizer que eu sou uma pessoa que nunca trabalhou em governo, então, mesmo assim, da iniciativa privada, sou publicitário, alguns chamam de marqueteiro, eu não gosto muito do termo marqueteiro, porque fica parecendo que a gente vai transformar qualquer coisa no ideal, mas não é isso”, disse.