O Governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, descartou, esta quarta-feira, a possibilidade de se candidatar à Presidência da República, afirmando que se trata de uma “decisão pessoal” que ocorreu num “momento amadurecido”.
“Não vou ser candidato à Presidência da República. Não vou apresentar nenhuma candidatura. Não está no meu horizonte que isso aconteça”, afirmou na Grande Entrevista, da RTP 3.
“É uma decisão pessoal, tomada dentro do meu círculo pessoal, da minha família, da visão que eu tenho – pessoal e profissional – de mim mesmo, e daquilo que eu quero fazer no futuro”, acrescentou.
Em novembro, o ex-ministro das Finanças não tinha afastado uma eventual candidatura a Belém, e, embora tenha destacado que naquele momento não pensava nessa possibilidade, admitiu que as “mudanças acontecem”. Agora, reconhecendo que já abordou a “questão em várias conversas”, Mário Centeno diz que o “momento está mais amadurecido” e, por isso, decidiu não se candidatar.
Mário Centeno, recorde-se, foi nomeado Governador do Banco de Portugal em junho de 2020, acabando o primeiro mandato em julho deste ano. À RTP3, assumiu querer assumir um segundo mandato – tal como os seus antecessores – e garantiu que nunca desempenhou “funções para passar com 10”.
“O meu foco é desempenhar o meu mandato. Há um segundo mandato e eu nunca desempenhei as minhas funções para passar com 10”, disse, quando questionado sobre a possibilidade de assumir um segundo mandato.
“Eu estou a desempenhar as minhas funções com esse objetivo porque é sempre assim que desempenho as minhas funções”, acrescentou.
“O Banco de Portugal não se recusou a pagar nenhum salário”
Sobre a polémica relacionada com a renumeração do ex-administrador do Banco de Portugal Hélder Rosalino para o cargo de secretário-geral do Governo, Mário Centeno afirmou que este não é “sequer um caso”.
Em causa, recorde-se, esteve o facto de Hélder Rosalino – que, entretanto, se mostrou indisponível para assumir o cargo – ir ser remunerado pelo seu vencimento de origem, superior a 15 mil euros, e não de acordo com a tabela remuneratória única da Função Pública, cujo salário seria na ordem dos seis mil euros. A notícia levou o Banco de Portugal a esclarecer que não iria assumir “qualquer despesa relativa à remuneração do secretário-geral do Governo, tal como decorre das regras do Eurosistema sobre a proibição de financiamento monetário”.
“O Banco de Portugal não se recusou a pagar nenhum salário, simplesmente porque o Banco de Portugal não pode pagar salários da administração pública. Isso é financiamento monetário, vai contra os tratados, vai contra a lei orgânica do Banco de Portugal e, portanto, eu não acho que isto seja sequer um caso“, frisou agora Mário Centeno.
O Governador afirmou ainda que a “situação é muito clara do ponto de vista jurídico” e que “o Banco de Portugal não tem outra alternativa a não ser cumprir a lei e foi isso que foi feito”.
Questionado sobre o salário elevado, o Governador fez questão de “deixar muito claro que todos os trabalhadores do Banco de Portugal, incluindo os consultores do Conselho de Administração, têm funções e tarefas atribuídas que justificam, obviamente, o seu vencimento“.
Leia Também: Após polémica com salários no BdP, Centeno vai ser ouvido no Parlamento