Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central (BC) e colunista do CNN Money, avalia que o Brasil, neste momento, não está na trajetória para estabilizar a dívida pública.
Segundo o economista, o país também não tem perspectivas de seguir nessa direção.
Em entrevista ao WW desta sexta-feira (13), Volpon avalia a tensão entre os agentes econômicos do mercado financeiro e o governo. O ex-BC indaga que “política fiscal é política. É impossível separar esses dois assuntos”.
Sua avaliação é que a pressão do mercado não vem exatamente da questão política, mas sim dessa questão de estabilidade da dívida.
Estabilizar a dívida pública significa fazer ela parar de crescer. Esse é um passo necessário antes mesmo de permitir que ela seja reduzida. E pelo que Volpon observa, nem o primeiro passo está garantido.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu de Jair Bolsonaro uma dívida de 72% do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todas as riquezas geradas pelo país. Em outubro, o rombo chegou ao maior valor bruto da história, R$ 9 trilhões, o equivalente a 78,6% do PIB.
Para estabilizar a dívida, o ex-BC calcula que seria necessário o país ter um superávit primário de cerca de 4%. Isso pois o saldo precisa compensar a distância entre o crescimento do PIB – que chegou a 4% na margem anual do 3º trimestre – e os juros reais do país – a taxa descontada a inflação, que são estimados entre 7% e 9,5%.
O governo, porém, avalia que deve fechar o ano dentro do teto da meta fiscal, quase atingindo o limite permitido de déficit de 0,25% do PIB.
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