Estudo da Confederação Nacional dos Municípios indica desabastecimento de imunizantes contra covid e catapora; governo diz que há estoque
Uma pesquisa da CNM (Confederação Nacional de Municípios), divulgada na 6ª feira (27.dez.2024), aponta a carência de vacinas do calendário nacional de imunização, como catapora, covid-19 e coqueluche. O Ministério da Saúde rebateu os resultados e afirmou ter garantido atendimento a 100% das necessidades de todas as vacinas do calendário básico, exceto nos casos de desabastecimento global, que ocorreram por “problemas pontuais”. O órgão não diz se o desabastecimento decorre de problemas de gestão dos governos locais. Eis a íntegra (PDF – 1,087 kB).
De acordo com a confederação, a pesquisa foi feita via call center da própria instituição de 29 de novembro a 12 de dezembro de 2024. Segundo a CNM, 65,8% de um total de 2.895 municípios analisados relataram ausência de imunizantes. Afirma que os resultados do levantamento refletem o “cenário do momento da pesquisa”.
No caso da catapora, 1.516 municípios analisados (52,4%) citaram a falta da vacina. O Ministério da Saúde informou que existe escassez mundial de matéria-prima, mas assegurou ter garantido todas as doses necessárias do imunizante depois da contratação de 3 fornecedores. Para 2025, o órgão assegurou que eventuais problemas serão resolvidos ao longo do 1º semestre.
Em 2º lugar, está a vacina para covid-19 em adultos, ausente em 736 municípios (25,4%), com média de 45 dias sem disponibilidade.
O Ministério da Saúde declarou que ter distribuído 3,7 milhões de doses de vacina contra a covid-19 aos Estados, das quais 503 mil foram efetivamente aplicadas, o que, segundo o órgão, indica suficiência de doses em nível estadual. Para 2025, o ministério afirmou ter reforçado os estoques dos imunizantes.
Em 3º lugar, está a insuficiência da vacina tríplice, contra coqueluche, diferia e tétano, relatada em 520 municípios (18% do total pesquisado). Segundo a CNM, o imunizante estava em falta em média há 60 dias nos municípios afetados. Em 2024, os casos de coqueluche subiram quase 2.000% em relação a 2023, com 4.395 registros até 27 de novembro –a maioria, no Paraná. No acumulado do ano, há 17 mortes, das quais 16 foram crianças de menos de 1 ano.
A pesquisa também mostra insuficiência de:
- vacina meningocócica C, contra a meningite do sorogrupo C, indisponível em 375 cidades (12,9%);
- tetraviral, que combate o sarampo, a caxumba, a rubéola e a varicela, indisponível em 337 municípios (11,6%);
- febre amarela, indisponível em 280 municípios (9,7%).
O Ministério da Saúde informou ter estoques suficientes para os próximos 6 meses das vacinas contra a meningite e a coqueluche.
Resposta
Além de assegurar o atendimento de 100% das necessidades dos Estados, o Ministério da Saúde informou que a distribuição das vacinas é transparente. O órgão afirmou que qualquer cidadão pode consultar, no painel interativo do ministério, as remessas enviadas do centro de distribuição em Guarulhos (SP) para os Estados. Disse que, por ano, são distribuídas 300 milhões de doses aos 5.570 municípios por meio do PNI (Programa Nacional de Imunizações).
O ministério declarou que todas as grades de vacinas do calendário básico em dezembro foram enviadas aos Estados e garante ter estoques para atender à demanda. Segundo o órgão, todo o processo é feito em parceria com os Estados. Disse que, desde 2023, as coberturas vacinais apresentam tendência de crescimento, resultado de ações como as campanhas de multivacinação realizadas em novembro.
Estados mais afetados
Em relação aos Estados e regiões mais afetadas, Santa Catarina continua liderando a escassez de vacinas, com 199 dos 230 municípios que responderam à pesquisa (87% do total) relatando falta de vacinas. Em seguida, está o Ceará, com 51 dos 59 municípios analisados (86%), o Espírito Santo, 38 dos 45 respondentes (84%), e Minas Gerais, com 412 dos 496 respondentes (83%).
Com informações da Agência Brasil.