Apontada pela Polícia Federal (PF) como mulher do “cabeça” do plano de atentado contra o senador Sergio Moro (União-PR), Aline de Lima Paixão recebeu autorização para aguardar a investigação em liberdade.
Ela havia sido presa na quarta-feira (24) na Operação Sequaz, que revelou as articulações do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar e matar o ex-juiz da Lava Jato. Com a decisão, Aline será monitorada por tornozeleira eletrônica.
A investigação afirma que ela “agiu diretamente na consecução do plano criminoso”. Aline teria armazenado códigos criados pelos criminosos para se referir aos comandos e aos alvos do plano. Sergio Moro era “Tokio” e sequestro era “Flamengo”.
“Vou te mandar umas mensagens que são códigos para eu não esquecer e ter aí quando chegar. Então não apaga. É importante para mim, ok amor?”, escreve Janeferson Aparecido Mariano Gomes, apontado pela testemunha que delatou o plano como o responsável por arquitetar toda a ação. “Tira print e guarda isso aí. Vou apagar aqui para todos, ok? Entendeu?”, diz outra mensagem enviada na sequência.
Além do auxílio ao plano, ela também teria um papel importante na contabilidade da organização criminosa, segundo a PF.
A juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, autorizou a soltura porque Aline tem filhos menores de 12 anos. Essa é uma orientação do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Considerando a excepcionalidade de prisão de mães com filhos menores (até 12 anos), entendo que a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares diversas, no caso, é medida que se impõem”, diz um trecho da decisão.
Além da tornozeleira, ela está proibida de manter contato com os outros investigados e precisará ficar em casa no período noturno. Durante o dia, não pode ultrapassar os limites da cidade de Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo.
Nove pessoas foram presas por suspeita de participação no plano de atentado a autoridades. Até o momento, Aline foi a única colocada em liberdade.
O plano foi delatado por um ex-integrante da facção criminosa, jurado de morte, em depoimento ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Ele forneceu números de celular de pessoas próximas a Janederson, que foram grampeados pela Polícia Federal.
A partir daí, a investigação identificou que os criminosos levantaram informações pessoais do senador e de sua família, monitoraram endereços ligados ao ex-juiz e chegaram a alugar imóveis para colocar o plano em prática. A PF desconfia que eles cogitaram agir no segundo turno da eleição.
A retaliação ao senador teria sido motivada por mudanças nas regras para visitas a detentos –Moro proibiu as visitas íntimas em presídios federais quando era ministro da Justiça e Segurança Pública no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Como ministro ele também coordenou a transferência e o isolamento dos “cabeças” da organização criminosa nos presídios de segurança máxima.
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