Monitoramento dos militares que planejaram matar o ministro levantou horários, itinerários e agendas, segundo as investigações
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes seria o 1º alvo do plano de matar –além dele– o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e dar um golpe de Estado. Na época, Moraes era presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
De acordo com a PF (Polícia Federal), o ministro poderia ter sido vítima de sequestro e prisão arbitrária, além da execução. O plano “Punhal Verde e Amarelo” detalhou as estratégias do ataque ao ministro Alexandre de Moraes.
Um levantamento prévio da sua movimentação, com horários e itinerários, além dos cronogramas de sua agenda, teria sido realizado pelos militares.
O grupo formado por “kids pretos” do Exército também levantou a quantidade de pessoas necessárias para o atentado: 2 equipes com 2 homens cada e outras 2 com 1 homem, além do uso de um telefone descartável para cada um dos participantes.
Um dos kids pretos, o major Rafael de Oliveira (preso), teria monitorado Moraes perto da sua residência funcional das 18h19 até as 22h30, em 23 de novembro de 2022.
Reportagem exibida no domingo (24.nov.2024) no Fantástico disse ter tido acesso a 55 áudios da investigação da PF. Os militares trocavam mensagens em um grupo chamado “Copa 2022”. Nele, cada um teria um codinome com a nomenclatura de um país. Além disso, os chips dos celulares usados estavam em nome de outras pessoas.
O general da reserva, Mário Fernandes, que foi chefe substituto da Secretaria Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL) entre outubro de 2020 a janeiro de 2023, teria elaborado o planejamento operacional “Punhal Verde Amarelo”, que marcava para o dia 15 de dezembro de 2022 os homicídios.
Segundo a reportagem, em 4 de novembro de 2022, Mário afirmou em áudio encaminhado aos militares que houve fraude na eleição. Um oficial do exército respondeu que eles vão “para o vale tudo”. Disse: “eu estou pronto para morrer por isso”. Outro oficial respondeu que o presidente precisa fazer uma reunião “petit comité”, sem pessoas “acima da linha da ética”, para discutirem as ações.
INVESTIGAÇÕES
A PF realizou na 3ª feira (19.nov) uma operação, mirando suspeitos de integrarem uma organização criminosa responsável por planejar, segundo as apurações, um golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito nas Eleições de 2022. Os agentes miram os chamados “kids pretos”, grupo formado por militares das Forças Especiais.
No relatório da corporação, há um tom que conduz para a responsabilização de Bolsonaro e também do general Braga Netto, que em 2022 foi candidato a vice-presidente (na chapa derrotada de Bolsonaro). A reunião que discutiu o plano teria sido na sua casa, de acordo com a polícia.
A investigação, concluída pela corporação na 5ª feira (21.nov), levou ao indiciamento de 37 pessoas. Entre elas, estão:
- o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL);
- o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL;
- Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
5 pessoas foram presas em 19 de novembro de 2024:
- Mário Fernandes, 60 anos (general de brigada, que é da reserva);
- Helio Ferreira Lima, 46 anos (tenente-coronel);
- Rafael Martins de Oliveira, 44 anos (major);
- Rodrigo Bezerra de Azevedo (major); e
- Wladimir Matos Soares (policial federal).