Ministro do STF diz que homem-bomba é fruto de discurso de ódio contra instituições e que anistia dos vândalos de 2 anos atrás “vai gerar mais impunidade”
Em evento na manhã desta 5ª feira (14.nov.2024), no dia seguinte às explosões que deixaram um morto na Praça dos Três Poderes, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes afirmou que o ataque “não é um fato isolado do contexto” e não descarta a relação do episódio com o 8 de Janeiro.
Segundo o ministro, o homem-bomba é fruto de discurso de ódio contra instituições e que anistia dos vândalos de 2 anos atrás, discutida atualmente no Congresso, “vai gerar mais impunidade”. Durante seu discurso, ele também lembrou dos participantes dos atos que já foram responsabilizados –desfecho que, segundo o magistrado, é essencial para que episódios similares não se repitam.
“O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto […] E esse contexto se iniciou lá atrás quando o gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o STF, contra autonomia do judiciário, contra ao STF não só como instituição mas contra as pessoas e as famílias de cada um dos ministro“, afirmou em evento no MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
“Isso foi se avolumando sobre o falso manto de um criminoso uso da liberdade de expressão, de ofender, de ameaçar, de coagir. Em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso foi se agigantando e resultou resultou no 8 de Janeiro”, declarou.
As explosões ocorreram em 2 locais separados: uma em frente à Estátua da Justiça, que deixou um morto, e outra em um carro, modelo Shuma da cor prata, estacionado próximo ao Anexo 4 da Câmara dos Deputados. Logo depois, o local foi interditado para varreduras por suspeitas de outros explosivos.
Segundo o ministro, foi esse mesmo contexto de questionamento às instituições que culminou nos atos extremistas de 8 de Janeiro, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Poderes, em Brasília. Para Moraes, as explosões na noite de 4ª feira (13.nov) foram o 2º episódio mais grave realizado no Supremo.
Horas depois das explosões, a PF (Polícia Federal) abriu um inquérito para apurar os fatos. O direto-geral da corporação, Andrei Rodrigues, estava reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e com os ministros do STF Cristiano Zanin, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes durante o episódio.
Segundo Moraes, os autos já estão com o presidente da Corte, Roberto Barroso, que deve analisar o conteúdo reunido até o momento e distribuir o processo por prevenção, se o caso tiver relação com outras investigações já em curso. O relator do inquérito que apura os atos de 8 de Janeiro é o próprio ministro Moraes.
Até o momento, o STF já condenou 265 pessoas, dentre mais de 1.600 denunciados. Também foram firmados outros 476 acordos de nõa persecução penal, quando os acusados reconhecem a culpa do crime e podem cumprir com algumas condições para terem penas mais brandas ou não serem presos.
AS EXPLOSÕES E SUA AUTORIA
A ação foi coordenada pelo chaveiro Francisco Wanderley Luiz, que era o dono do carro e morreu ao detonar o explosivo perto da Estátua da Justiça, em frente ao Supremo. Ele teria tentado entrar na Corte antes da explosão. A Praça dos Três Poderes foi interditada e está sendo vistoriada. A PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) evacuou e cercou o perímetro. A suspeita é que haja explosivos em outros locais.
Ele teria retirado da mochila alguns artefatos e uma blusa, que lançou em direção à estátua. Em seguida, alguns seguranças do STF se aproximaram e o homem abriu a camisa e os advertiu para não se aproximarem. Na sequência, teria acendido outro artefato, e explodido junto ao seu corpo.
Segundo relato de testemunhas no documento sobre o caso, ao qual o Poder360 teve acesso, o homem portava uma mochila quando se aproximou da estátua da Justiça.
O Poder360 confirmou que Wanderley esteve no prédio do STF em 24 de agosto deste ano, em visitação pública. O homem também teria alugado uma casa na Ceilândia, região administrativa do DF, há poucas semanas.