Projeto para transformar estádio em local de eventos custou mais de 1 bilhão de euros; porta-voz dos residentes questiona falhas no processo de planejamento
O Real Madrid e o fundo de investimento Sixth Street enfrentam dificuldades depois de investir mais de 1 bilhão de euros na reforma do estádio Santiago Bernabéu, com o objetivo de transformá-lo em um importante local de shows. O projeto está parado por causa de queixas de barulho e poluição sonora feitas por moradores locais. A informação foi divulgada pelo jornal Financial Times.
A ideia inicial era posicionar o Santiago Bernabéu como um centro de referência global para a indústria musical, principalmente durante os meses de verão na Europa, de junho a setembro. No entanto, a realização de apresentações causou protestos de residentes da região, que relataram ruídos excessivos, resultando em multas para os artistas que se apresentaram no estádio.
Desde abril, a Câmara Municipal de Madrid aplicou 24 multas, totalizando 2,6 milhões de euros, por violação dos limites de decibéis. A Associação de Organizadores Musicais da Espanha expressou insatisfação, afirmando que a responsabilidade pelo cumprimento dos limites de ruído é do estádio e das autoridades locais.
José Manuel Paredes, porta-voz dos moradores, questionou a falta de previsão do impacto do ruído e se houve falhas no processo de decisão.
“Com uma instituição como o Real Madrid e um estádio tão exposto ao ambiente urbano, não consigo entender que ninguém parou para pensar em como isso afetaria os vizinhos em termos de algo tão sensível quanto o ruído”, afirmou Paredes. “Ou eles sabiam que seria um problema e não se importaram, ou é uma falha sistêmica de todo o processo de tomada de decisão.”
A situação se intensificou com os shows de Taylor Swift em maio, que atraíram cerca de 120 mil pessoas e causaram desconforto considerável aos moradores. Em resposta, o clube anunciou, em setembro, a remarcação provisória da programação musical para atender aos regulamentos municipais.
O acordo entre o Real Madrid e a Sixth Street, que forneceu 360 milhões de euros ao clube, inclui o direito do fundo de participar da gestão de novas atividades no estádio por 20 anos. Documentos de 2016 indicavam que não eram esperadas alterações significativas nos níveis de ruído.