Um ministro do governo israelense criticou o Papa Francisco nesta sexta-feira (20) por sugerir que a comunidade internacional deveria estudar se a ofensiva militar de Israel em Gaza constitui um genocídio do povo palestino.
Em uma carta aberta publicada pelo jornal italiano Il Foglio, o ministro de Assuntos da Diáspora, Amichai Chikli, declarou que as observações do papa — feitas em trechos de um livro publicado no mês passado — equivalem a uma “banalização” do termo genocídio.
“Como um povo que perdeu seis milhões de seus filhos e filhas no Holocausto, somos particularmente sensíveis à banalização do termo ‘genocídio’ — uma banalização que chega perigosamente perto da negação do Holocausto”, escreveu Chikli.
O ministro, que encerrou a carta chamando Francisco de “um querido amigo do povo judeu”, pediu ao pontífice “para esclarecer sua posição sobre a nova acusação de genocídio contra o estado judeu”.
O Vaticano não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o documento.
Israel diz que as acusações de genocídio em Gaza são infundadas e que está apenas caçando militantes do Hamas e outros grupos armados palestinos.
O papa, como líder da Igreja Católica Romana de 1,4 bilhão de membros, geralmente é cuidadoso ao tomar partido em conflitos, mas tem recentemente sido mais franco sobre a campanha militar de Israel contra o grupo militante palestino Hamas.
Nos trechos do livro publicados pelo diário italiano La Stampa, Francisco disse que alguns especialistas internacionais afirmaram que “o que está acontecendo em Gaza tem as características de um genocídio“.
“Devemos investigar cuidadosamente para avaliar se isso se encaixa na definição técnica (de genocídio) formulada por juristas e organizações internacionais”, falou o pontífice.
Autoridades na Faixa de Gaza dizem que mais de 45 mil palestinos foram mortos e cerca de 107 mil pessoas foram feridas na ofensiva de Israel, e a maioria dos mais de 2 milhões de pessoas do enclave estão desabrigadas ou deslocadas.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.