O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Mali referiu, em comunicado, que seguiam 80 pessoas a bordo do barco, das quais apenas 11 sobreviveram, incluindo nove de nacionalidade maliana.
A mesma fonte acrescentou que recolheu informações sobre a tragédia através de contactos com as embaixadas do país africano em Marrocos e na Mauritânia, com os pais das vítimas e com autoridades das cidades de origem de alguns sobreviventes.
“Os passageiros do barco com destino a Espanha eram inicialmente 80 pessoas” e “25 jovens malianos foram infelizmente identificados entre as vítimas”, anunciou o governo do Mali em comunicado de imprensa. Segundo a comunicação oficial, foram resgatados 11 sobreviventes.
O anúncio do governo maliano acontece no dia em que a organização Caminando Fronteras apresentou um balanço total de 10.457 pessoas mortas este ano, na tentativa de chegarem à costa espanhola, numa média de quase 30 por dia e num aumento de 58% em relação ao ano passado.
Os números da Caminando Fronteras dizem respeito até 15 de dezembro e constituem um número recorde desde que esta organização não governamental (ONG) começou a investigar os desaparecimentos de migrantes no mar a caminho de Espanha.
Segundo esta ONG, o número reflete um “notável aumento de mortes nos últimos dois anos”, já que em 2023 os 6.618 óbitos foram quase o triplo das mortes registadas no ano anterior.
Relativamente a 2024, a Caminando Fronteras destaca que, do total de pessoas que perderam a vida, 421 eram mulheres e 1.538 crianças ou adolescentes. A rota Atlântica para as ilhas Canárias “continua a ser a mais letal a nível mundial”, com 9.757 vítimas, ou seja, 93% do total.
As 10.457 mortes contabilizadas pela Caminando Fronteras referem-se a cidadãos de 28 nacionalidades.
A ONG analisa ainda as causas do aumento dos naufrágios, apontando a omissão do dever de prestar auxílio. Neste sentido, garante que “a falta de ativação atempada dos protocolos de resgate e a escassez de recursos nas operações de resgate têm aumentado as mortes”.
Outra das causas apontadas pela organização é a “externalização das fronteiras”.
“A responsabilidade pelo resgate é transferida para países com recursos limitados, piorando a capacidade de resposta nestas emergências”, indica no relatório.
Muitos resgates, acrescenta, “não foram acionados a tempo”, mesmo quando a localização das embarcações em risco era conhecida, lamentando que “a falta de coordenação internacional e os atrasos na ajuda tenham sido fatores determinantes para estes números devastadores”.
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