No dia seguinte ao Natal, todos os times ingleses entraram em campo, como é habitual. O Manchester City não venceu mais uma vez, ao empatar com o Everton por 1 a 1. Nas últimas 13 partidas, o City só ganhou uma. Já o Liverpool, líder com uma ótima vantagem no campeonato, venceu novamente, 3 a 1 no Leicester.
Será que Guardiola vai desistir, jogar a toalha e viver um ano sabático? Ou ele, ambicioso, detalhista e responsável, fará tudo para recuperar a equipe?
Enquanto isso, dá tudo certo para o Liverpool. Salah está a cada dia mais espetacular. Diferentemente dos grandes pontas canhotos que jogam pela direita e atuam abertos para receber a bola e tentar driblar o marcador, Salah, pela direita, gosta de receber a bola na frente para usar sua velocidade, sua técnica, sua habilidade e suas criativas e eficientes finalizações. O egípcio Salah joga sorrindo, desfrutando a partida. Sorri quando faz gol e dá tudo certo e continua sorrindo quando dá errado.
O Liverpool é o time que joga no momento o melhor futebol do mundo. Por ser bastante compacto, atacando e defendendo em bloco, não tem um clássico camisa 10, tão adorado no Brasil. Os três do meio-campo marcam, constroem e avançam, como se fossem três volantes e três camisas 10. Outras grandes equipes do mundo atuam de maneira parecida.
Já as equipes brasileiras só pensam no camisa 10, para jogar entre o meio-campo e o ataque, articulador de todas as jogadas ofensivas. Esse tipo de jogador é ainda importante em muitas situações, mas, progressivamente, as grandes equipes do futebol mundial preferem meio-campistas que atuam de uma intermediária à outra.
É preciso diferenciar o ponta de lança do passado, atacante, artilheiro, camisa 10, que formava dupla com outro atacante e também voltava para receber a bola e construir jogadas, do atual meia de ligação, armador, camisa 10, que atua entre o meio-campo e os atacantes.
O Palmeiras, que tem um ótimo camisa 10, Raphael Veiga, contratou Maurício, da mesma posição, que custou mais do que vale. Trouxe também Felipe Anderson, outro camisa 10, que foi deslocado para a esquerda. O clube tenta mais dois da posição, Matheus Pereira, do Cruzeiro, e Andreas Pereira, que está muito bem na Inglaterra e tem sido convocado para a seleção brasileira.
Por outro lado, o time não tem um excelente centroavante. Paulinho, excelente jogador, não é um camisa 9, um camisa 10 nem um ponta. Por ser rápido, ter muita técnica e ser um ótimo finalizador, é ideal para atuar formando dupla com outro atacante, como ocorreu no Atlético-MG ao lado de Hulk.
O São Paulo, que já tinha dois ótimos meias-atacantes centralizados, Luciano e o ponta Lucas, que prefere jogar pelo meio, contratou Oscar. Ele, Hulk, Bernard e Fred eram os quatro atacantes do Brasil no 7 a 1. Zubeldía deve escalar no São Paulo quatro atacantes (Lucas, Oscar, Luciano e Calleri), além de ter o bom ponta Ferreirinha. Vão sobrar apenas dois no meio-campo.
O futebol brasileiro deveria repensar os conceitos e deixar de compartimentar com rigidez as equipes com os camisas 5, 8, 10 e 9. Só os entendidos e os apaixonados pelos números e as posições do passado não enxergam o óbvio. O mundo e o futebol mudaram.
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