Partido de Merkel é o favorito para voltar ao poder na Alemanha; Justin Trudeau pode deixar o cargo no Canadá após uma década; Arce deve enfrentar o ex-aliado Evo Morales na Bolívia
As urnas eletrônicas não trabalharão em 2025. É ano ímpar. Ou seja, não há eleições gerais ou municipais no Brasil. Ao redor do Globo, contudo, será um ano agitado. Cerca de 20% dos países vão às urnas de janeiro a dezembro para eleger presidentes, primeiros-ministros, governadores e congressistas.
São esperadas ao menos 40 eleições em 39 nações ao longo de 2025. Burundi, na África, terá duas. Outros 11 países sequer oficializaram a data dos pleitos. A princípio, o ano abre com eleição legislativa em Comores em 12 de janeiro e fecha com a parlamentar em Cingapura no mês de novembro.
Ao todo, 15 países votarão para presidente. Outros 13 definirão seus primeiros-ministros. Somália decidirá tanto o chefe de Estado quanto o do Governo. Eis a lista completa de eleições pelo mundo em 2025:
Alemanha 🇩🇪
Os alemães só deveriam ir às urnas em setembro, mas o colapso da coalizão de Olaf Scholz (Partido Social Democrata, centro-esquerda) fez o chanceler perder o voto de confiança no Parlamento e o forçou a pedir a dissolução do Bundestag. Resultado: eleições antecipadas para 23 de fevereiro.
Scholz tentará a reeleição, mas os sociais-democratas estão em 3º lugar nas pesquisas de intenção de voto. Os levantamentos indicam o retorno do CDU (União Democrata Cristã, centro-direita) ao poder sob o comando de Friedrich Merz. É o partido da ex-premiê Angela Merkel (2005-2021).
A sigla de direta AfD (Alternativa para a Alemanha) aparece em 2º lugar, mas não deve almejar a chancelaria. O futuro premiê alemão precisará de uma coalizão para governar, mas as legendas se recusam a negociar com a AfD, considerado “extremista” pelas demais bancadas do Bundestag.
Canadá 🇨🇦
O primeiro-ministro Justin Trudeau (Partido Liberal, centro-esquerda) completará 10 anos no poder em 2025. Talvez seja seu último. É cada vez menos apreciado pelo Parlamento e pela população. O último baque foi a renúncia da ministra das Finanças e vice-premiê Chrystia Freeland em 16 de dezembro.
As pesquisas mostram amplo favoritismo para o Partido Conservador (centro-direita). Tem 45% das intenções de votos, contra 20% dos liberais.
O pleito está marcado para 20 de outubro, mas Trudeau enfrenta pressão para renunciar. Caso deixe o cargo antes do previsto, a votação pode ser adiantada.
Bolívia 🇧🇴
O país andino deve ter uma disputa entre ex-aliados políticos. O atual presidente, Luis Arce (Movimento ao Socialismo, esquerda), disputará a reeleição em 17 de agosto. Seu mentor político, o ex-presidente Evo Morales (2006-2019), do mesmo partido, tentará voltar ao cargo. Isso se a Justiça permitir.
Arce foi ministro das Finanças e da Economia de Evo de 2007 a 2019. Com a queda de Morales em 2019, emergiu como seu sucessor. Foi eleito em 2020 para um mandato de 5 anos. Desde então, a relação entre os 2 líderes ruiu. Evo rompeu com Arce, que foi expulso do MAS –a decisão é contestada.
Evo Morales foi presidente da Bolívia por 3 mandatos, de 2006 a 2019. Foi reeleito naquele ano, mas denúncias de fraude o forçaram a renunciar. Em novembro, a Justiça definiu que não poderá concorrer a um 4º período no poder. O limite é de 2 mandatos. Evo tenta reverter a decisão.
Chile 🇨🇱
Gabriel Boric (Frente Ampla), presidente desde 2022, não poderá concorrer à reeleição em 16 de julho. A Constituição chilena proíbe 2 mandatos consecutivos. Mas mesmo se tivesse seu nome na cédula, o jovem político de esquerda dificilmente se manteria no Palácio de La Moneda.
Boric é desaprovado pela maioria da população chilena desde meados de 2022. O índice chegou a 65%. Atualmente, está em 61%. Em quase 3 anos de governo, o ex-líder estudantil falhou duas vezes em aprovar uma nova Constituição. A Carta Magna em vigor foi promulgada em 1981, durante a ditadura de Augusto Pinochet.
O cenário para 2025 ainda é incerto. As pesquisas preliminares mostram força da ex-senadora Evelyn Matthei (União Democrática Independente, direita), que deixou a Prefeitura de Providencia no início de dezembro.
Outras eleições
Dentre as demais eleições de 2025, destaque para o pleito presidencial da Polônia, marcado para maio (dia 4, 11 ou 18). O atual chefe de Estado, Andrzej Duda (independente), já cumpriu 2 mandatos de 5 anos e não poderá ser reeleito. O prefeito de Varsóvia, Rafał Trzaskowski (Plataforma Cívica, centro-direita), lidera as pesquisas.
A Polônia tem um sistema de poder semi-presidencialista. O presidente divide as demandas do executivo com o primeiro-ministro, mas tem um papel majoritariamente cerimonialista. O que torna a eleição relevante é a posição estratégica do país frente ao conflito Rússia-Ucrânia. Andrzej Duda é um forte aliado de Kiev. E a Polônia foi o país que mais recebeu refugiados ucranianos desde o início da guerra.
No outro espectro do conflito, Belarus também votará para presidente. A eleição, entretanto, deve ter pouco efeito prático. O líder do país, Alexander Lukashenko, comanda um regime autocrático desde 1994. É o 1º e único presidente da história de Belarus. Em 2020, foi reeleito sob acusações de fraude e perseguição a opositores. Maior aliado de Putin no velho Continente, Lukashenko é conhecido como o “último ditador da Europa”.
A Venezuela é mais um país que vai às urnas com desconfiança acerca da legalidade do processo. Ainda sem data, os venezuelanos votarão a composição da Assembleia Nacional. O Legislativo é controlado por apoiadores de Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda). Depois da reeleição contestada do líder venezuelano, o panorama não deve mudar.
Ainda na América do Sul, Argentina e Equador terão eleições neste ano. Em 26 de outubro, os hermanos definirão metade das cadeiras da Câmara e 1/3 dos assentos no Senado. É uma oportunidade para Javier Milei construir uma base de apoio mais ampla.
Já os equatorianos terão eleições gerais em 9 de fevereiro. Daniel Noboa (Ação Democrática Nacional, centro), eleito presidente em 2023, concorrerá à reeleição. Disputa a preferência dos eleitores com a ex-deputada Luisa González (Movimento Revolução Cidadã, esquerda).